Falamos sobre improvisação na dança com Guego Anunciação

Eu sei que tem mais de uma semana que eu prometo lançar esse post aqui, mas nossa, sobra trabalho e falta tempo nesse 2017! Mas eis que posso contar um pouco da minha experiência com dança contemporânea e, mais especificamente, sobre improvisação na dança – que pode ser qualquer estilo, ok?

Aproveitei as férias do ballet para me jogar num estilo que eu não tenho tanta intimidade, mas que adoro acompanhar, que é o contemporâneo. Só que o que eu não sabia era que o professor, o bailarino, pesquisador e meu amigo Guego Anunciação, resolveu fazer mais do que apenas passar técnica de passos e fazer algumas experimentações com os sortudos que resolveram fazer as aulas.

 

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Guego sendo divo (Foto: acervo pessoal)

Brincamos muito com a voz, entre sons e palavras. E depois passamos para a parte difícil: improvisação. Como assim? Assim mesmo. Liga a música (ou não!) e dança da forma que dá na telha. E vale tudo, até ficar parado. Uma coisa que poucos sabem: improvisação diz MUITO do seu repertório como dançarino. É quando você se solta das combinações de uma coreografia, os passos fluem de uma maneira bem diferente. Dá um medo danado, mas chega uma hora que a mente dá um estalo começa, automaticamente, a buscar o que faz mais sentido para o corpo. Em miúdos: você pega o jeito.

“Eu, como bailarino clássico, encontrei esse meio para pensar na minha pesquisa corporal, mesmo. De como eu posso aliar a improvisação com um repertório que eu já tinha de ballet clássico e das outras  experiências que vieram depois com dança contemporânea. Fora que tem a dificuldade de se encontrar essa técnica de improvisação no espaço de ballet, onde os alunos geralmente trabalham como intérpretes condicionados a uma coreografia. Eu acho que a improvisação é muito libertadora nesse sentido, abre possibilidades para que o balarino possa ter acesso a outros repertórios”, disse Guego com muita propriedade.

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Guego em Missa de Sétimo Dia (Foto de Marcus Socco)

Acho que a palavrinha mágica aí é técnica. Assim como qualquer passo, você precisa de uma técnica para improvisar da melhor forma possível para pensar rápido nos ligamentos, fazer aquilo que seja mais natural para o corpo e ainda dê um caldo coreograficamente falando. De certa forma, não deixa de ser um exercício 😉

Resgatamos esse videozinho dele no nosso instagram! Saca só:

 

Motivos para assistir: Romeu e Julieta!

Depois de muito tempo longe das resenhas, eis que o Oito Tempos volta a fazer uma das coisas que mais gosta: compartilhar análises sobre obras que assistimos! Dessa vez, assisti Romeu e Julieta do ballet La Scala com Roberto Bolle e Misty Copeland nos papeis principais. Foi uma experiência tão envolvente que resolvi colocar aqui, num formato novo, os motivos que me levaram a amar essa produção e colocá-la na minha lista (longa, verdade!) de montagens favoritas. Vamos lá!

 

Primeiro encontro de Romeu e Julieta (Foto: Reprodução)
Primeiro encontro de Romeu e Julieta (Foto: Reprodução)

1.Misty Copeland e Roberto Bolle como principais

Nós aqui do blog já amamos o Roberto Bolle como solista, pois ele é aquele tipo que toma toda a atenção para si e você praticamente nem olha para quem tá do lado dele, não é verdade? Agora, quando essa outra pessoa é a Misty Copeland, ficamos divididos e apaixonados em cena pelos dois. Primeiramente, a química deles no palco é incrível!! Eles incorporam os personagens de uma maneira muito real e que convence (de verdade!). Minha grande e maravilhosa surpresa foi ter visto pela primeira vez a Misty em um ballet completo, e uma técnica impecável que só foi valorizada ainda mais pelo partner.

2. A música de Sergei Prokofiev

Com certeza é o que há de mais importante nesse ballet. A música basicamente dita o tom de toda a produção e casa bem com todas as cenas que correspondem a ela. É o tipo que arrepia nos primeiros movimentos dos violinos e entra nos ouvidos de maneira agradável e marcante ao mesmo tempo.

O pas de deux mais emocionante! (Foto: Reprodução)
O pas de deux mais emocionante! (Foto: Reprodução)

3. Pas de deux do balcão ❤

Esse com certeza absoluta é o momento coreográfico clímax de todo o espetáculo. Todo o sentimento dos personagens aparece em forma de uma coreografia muito técnica e, ao mesmo tempo, sentimental e envolvente. Aí que a química deles fica em evidência total, e a gente até se questiona se os bailarinos sentem alguma coisa um pelo outro! Dá para, literalmente, se sentir transportado para aquele momento de amor do jovem casal!!

 

4. Conjunto da obra

Figurino com cores vibrantes e alegres, cenário histórico que nos leva diretamente à Verona do século XVI, atuações fantásticas do corpo de baile que compõem as cenas, música, protagonistas… Enfim, os motivos para você assistir ao ballet são muitos!

Figurino do corpo de baile também tem seu lugar!
Figurino do corpo de baile também tem seu lugar!

 

Se ficou interessado, clique aqui para baixar diretamente do nosso blog parceiro, Videos de Ballet Clássico.

Mais fotos aqui!

 

 

Vídeo da semana ESPECIAL Prix de Lausanne

Acabei não falando nadinha sobre o Prix de Lausanne, que começou nessa semana e terá as finais nesse sábado (4 de fevereiro). São 70 jovens candidatos da América do Sul, do Norte, da Ásia e da Austrália brigando por um lugar ao sol – ou um bom contrato! – na competição que há 45 anos é realizada na Suíça.

Esse é um dos principais concursos de dança do mundo, e que promove talentos incríveis (como as brasileiras Priscilla Yokoi Mayara Magri, hoje solista do Royal Ballet, o brasileiro Marcelo Gomes, hoje principal do American Ballet Theatre, e a maravilhosa Precious Adams, que arrasou e quebrou paradigmas em 2014). Mas, para mim, a melhor parte é a das aulas conjuntas e do treinamento individual que esses bailarinos e bailarinas em potencial recebem ao longo da competição.

Ao todo, são nove jurados avaliando os 70 candidatos em todos os sete dias. E absolutamente tudo é levado em conta: como eles rendem em sala, a dedicação, a forma como lidam com críticas, com dificuldades – o próprio palco do teatro é uma grande, pois tem uma leve inclinação para que os jurados façam uma boa avaliação.

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As brasileiras Anne Jullieth e Rafaela Henrique (Foto: Prix de Lausanne / Facebook)

Mas o mais importante é mostrar evolução até a apresentação final, e, claro, impressionar os jurados.

Por isso que escolhi não, um, mas três vídeos para hoje! Todos são compilações das aulas e dos ensaios da competição deste ano. Dessa forma você pode avaliar tudinho para acompanhar as finais devidamente informad@ e torcer para os nossos brasileiros Rafaela Henrique, Marina Fernanda da Costa Duarte e Denilson Almeida, que foram selecionados  entre os 20 semifinalistas. Boa sorte!

E nossos parabéns a  Anne Jullieth Pinheiro, Erivan Rodrigues,  Jônatas Itaparica, e Rafael Pereira de Oliveira por terem chegado ao Top 70!

Aliás, para assistir ao vivo basta acessar o site oficial do Prix de Lausanne.

Dia 1

Dia 2

Dia 3

 

Tem galeria de fotos dos nossos brasileiros aqui:

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