Invasão russa em forma de workshops

Não é de agora que o ballet russo está dominando o Brasil: a gente encontra produções no cinema e vem chegando uma turnê de peso do Russian State Ballet. Mas não é só isso. Parece que a técnica russa, que parecia um pouco esquecida, voltou com tudo para os centros de ensino. Não por acaso, Boris Storojkov e Natalia Zemtchenkova, dois grandes nomes da escola Vaganova, foram convidados para ministrar um workshop em agosto na Cia de Dança Ímpeto, em São Paulo. Conversamos com a diretora artística da companhia, Monise Rosa, que explica o motivo desse evento – aberto para alunos de fora!

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Natalia foi solista no Russian Chamber Ballet e deu aulas na Cia de Dança Deborah Colker (Foto: Reprodução)

“Acredito que a troca de experiência e o contato com profissionais consagrados como Boris Storojkov e Natalia será de extrema importância para os bailarinos do Brasil! Terem esta oportunidade é  fazer com que sintam cada vez mais vontade de evoluir no ballet clássico e dentro do método russo Vaganova! Sempre terão um toque…uma boa explicação para os alunos! Pessoas como eles deveriam vir para Brasil com mais frequência! Só tem a acrescentar aos nossos alunos”, disse.

Monise explica que a Ímpeto já utilizava o método Vaganova na escola, mas, para ela, o ballet russo não é tão popular no Brasil, mesmo com os eventos recentes. Para ela, o workshop acaba sendo uma confirmação da escolha da técnica, e serve para que os alunos – e professores também, por que não? – aprendam um pouco mais sobre a história do ballet russo, tão importante para o ballet clássico.

“Aqui na Ímpeto estudamos o método russo por acreditarmos na sua evolução técnica!  Não acho que o ballet russo seja tão popular no Brasil, mas acredito que com a vinda desses profissionais estaremos contribuindo para qualificação do método por aqui e dos alunos num geral. Mas o Ballet está longe de ser uma coisa popular…Ele requer muito estudo, muita dedicação e amor à arte”!

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Boris foi professor de ídolos da dança como Natalia Maharova, Ivan Vassiliev e Elisabeth Platel e em companhias como Cisne Negro e Deborh Colker (Foto: Reprodução)

A gente concorda! Se você está ou mora em São Paulo, vale a pena participar do workshop.

Quando: 3 a 6 de agosto

Onde: Cia de Dança Ímpeto (Rua Barretos, 612, Alto da Mooca – São Paulo (SP)

Telefone: (11) 2021-3487

Site: http://www.ciadedancaimpeto.com.br

Lesões: como prevenir?

Quando a gente fala de lesões, normalmente vem primeiro dicas de como curar, e, só depois, como prevenir. A gente acha o contrário: a prevenção é o principal meio para evitar que probleminhas simples aconteçam, ou se tornem mais graves.

tendinite-blogTendinite e Entorses: Tendinite é aquela dorzinha chata e aguda normalmente no calcanhar ou tendão de Aquiles, bem diferente da ‘dor boa’ do alongamento bem feito ou dos músculos bem trabalhados. Como se trata de uma inflamação, é um problema que vai piorando enquanto não é tratado. Para prevenir esse tipo de lesão, e também os entorses, a melhor coisa é aquecer os pés e tornozelos antes da aula – especialmente se for de ponta – com movimentos circulares, extensão e flexão (esticado/ flex), por alguns minutinhos. Já demos algumas dicas sobre isso aqui! Se você tem uma theraband, melhor ainda: tem outras dicas aqui.

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Theraband é boa opção para treino de força

Fratura por estresse: Essa é uma lesão mais séria, mas comum entre bailarinos e esportistas. A fratura por estresse nada mais é do que uma lesão por movimentos repetitivos, o que pode acontecer quando você treina várias vezes um passo ou uma coreografia com muitos saltos e giros, por exemplo. Também acontece quando os bailarinos em questão não têm acompanhamento muscular ou fisioterápico, o que sobrecarrega ainda mais o corpo. Para prevenir, a melhor coisa é reforçar o alongamento (veja exemplos aqui) e praticar alguns exercícios de força para turbinar a capacidade muscular (temos algumas sugestões aqui). Ficar SEMPRE atento ao que o corpo ‘diz’ após as aulas, e se a recuperação de um dia para o outro começar a ficar mais lenta, é melhor consultar um fisioterapeuta.

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Coluna e lombar: Não é tão comum bailarinos terem problemas com as costas, já que o maior impacto fica nos membros inferiores. Mas claro que desconfortos existem, especialmente com a lombar. Quem nunca sentiu aquela pontada depois de um ensaio extra? Para prevenir essas dores, que surgem principalmente quando temos uma carga a mais de ensaios ou aulas – ou mesmo quando estamos testando novos passos ou coreografias – a melhor coisa é alongar. Passe mais tempo com as mãos nos pés, estenda até o chão, caminhe para frente, alterne o peso entre as pernas sem tirar as mãos do chão. Tirar o peso da lombar é essencial para que ela não se machuque.

Outras dicas boas são as que servem para turbinar a sustentação do arabesque e penchée (já publicamos algumas aqui e aqui). Para as costas, além do alongamento básico, vale a pena fazer BASTANTE abdominal e prancha para fortalecer os músculos das costas. Isso mesmo! Engana-se quem pensa que abdominal é só para fortalecer o abdômen, as costas agradecem e muito!

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Tipo de alongamento que alivia a lombar! (Foto: Reprodução)

Distensão muscular: Essa deve ser a mais comum entre bailarinos, e também a mais fácil de prevenir. A distensão acontece quando a gente puxa o músculo frio além do limite de flexibilidade que ele está acostumado, ou de forma brusca, que pode resultar em ruptura parcial ou total da musculatura. Para prevenir esse tipo de lesão, a melhor coisa a fazer é alongar o músculo quando ele estiver aquecido, especialmente se você não for tão flexível. Aproveite para subir e descer escadas, dar uma corridinha de um ou dois minutos ao redor da sala de aula, ou fazer polichinelos antes de começar a puxar as pernas. Você tem que dar tempo para seu corpo entender que vai começar a dançar!

 

Fontes: Dance Magazine, Escola Bolshoi e acervo do Oito Tempos.

 

 

 

Vídeo da semana #18!!!

Acabei pegando gosto de fazer #videodasemana sobre produções que ainda não estrearam. O da semana passada foi She Said, do English National Ballet (que já estreou e está sendo sucesso de crítica!), e, agora, é a versão de O Lago dos Cisnes de David Dawson, do Scottish Ballet. Ok, diferentemente de She Said, essa versão não é inédita (já comentamos um ensaio no World Ballet Day), mas ainda é pouco conhecida e, de quebra, vai se reapresentada na Escócia nos próximos dias.

No vídeo temos o coreógrafo, David Dawson, explicando que sua ideia inicial foi de imprimir mais ‘realismo’ nos personagens. Odette, por exemplo, não é apenas uma princesinha delicada e sofrida: na versão de Dawson, ela é uma mulher forte, ainda que delicada, e que decide pelo seu destino.

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Odette é uma mulher forte e decidida no ballet (Foto: Reprodução)

Odile é mais ardilosa: não é apenas malvada como no ballet tradicional, e pelos movimentos da coreografia dá para perceber que ela é mais ‘escorregadia’, também. Ela e o príncipe quase não se tocam. Segundo o próprio coreógrafo, a história é sobre duas mulheres tentando ganhar o coração de Sigfried – que já está nas mãos de Odette.

Os cisnes são a personificação dos sentimentos de Odette: se ela sente dor, eles também sentem, se elas se sente apaixonada, eles representam isso da mesma forma. De acordo com Dawson, a ideia é que todas as bailarinas do corpo de baile se sintam Odettes.

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Dawson e os cisnes, a personificação dos sentimentos de Odette (Foto: Reprodução)

Sobre o ballet: não dá pra ver muita coisa, mas dá pra ter uma ideia do ritmo do ballet. É muito mais fluido, mais rápido e menos posado do que o tradicional. Tanto é que foi bem difícil conseguir tirar frames para colocar como fotos aqui!

Vamos a ele, então?

 

 

Quer ver mais #videodasemana: Olha nosso arquivo aqui!

Junior Oliveira: “Em 10 anos de Workdance aprendi a lidar com o outro”

Professor de ballet clássico e jazz, Junior Oliveira comanda, há dez anos, o projeto Workdance, que tem como propósito levar a dança para o interior da Bahia. Hoje, o programa já é consagrado em 14 cidades, e em sete* delas, a ação atual possui apoio financeiro da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult) através do edital Setorial da Dança. Mesmo assim, Junior garante que vai continuar levando o Workdance Bahia afora mesmo com recursos próprios, como vinha fazendo antes. De novidade para 2016 temos a reedição do Workdance Competition, modalidade competitiva que estreou ano passado, e um curso de preparação para professores de dança nas cidades do interior, que ainda vai começar.

De onde veio o ‘estalo’ para você criar um projeto de dança pelo interior da Bahia?

Junior: Partiu da necessidade da inclusão da dança no interior da Bahia, e da necessidade de me formar melhor como professor. Um bom bailarino pode não ser um bom professor, ou coreógrafo, e vice-versa. Eu acho que o estudo e a pedagogia fazem a diferença, e percebi mais ainda quando entrei na Faculdade de Dança da Universidade Federal da Bahia. Eu quis explorar mais esse lado teórico, mesmo já dando aulas em escolas de ballet há muitos anos. Daí, em 2006, eu resolvi colocar a teoria em prática nas cidades do interior do estado, começando por Senhor do Bonfim, porque lá a arte chega com alguma dificuldade.

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Aula de ballet clássico (Foto: Workdance / Divulgação)

O que aconteceu nesses 10 anos?

Junior: Nesses 10 anos de projeto aprendi a lidar com outro, com a leitura que o outro tem do projeto e da sua imagem. Por causa disso eu inclusive mudei minha forma de me vestir, de me apresentar aos pais no final do projeto, sabia? Algumas pessoas ainda vêem uma forma mais informal de vestimenta com desleixo, especialmente no interior. Então me adaptei a essa realidade. O projeto é voltado para o interior do estado, com a cultura e arte. atendemos a 14 cidades e nesse ano vamos atender a mais duas capitais. Hoje já temos até outros projetos nas cidades que não apenas culturas. Em algumas cidades ficamos uma semana, em outras ficamos 12 dias… Depende da disponibilidade.

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O professor Junior Oliveira (Foto: Acervo pessoal)

E como é a apresentação aos pais?

Junior: Nos finais das oficinas sempre realizamos uma mostra, uma apresentação de dança aos pais. Às vezes até os prefeitos das cidades comparecem. Tem algo curioso: os professores premiam os alunos que mais se destacam na oficina. Mas essa premiação não tem caráter competitivo, é apenas para fazer com que os alunos se superem e busquem aprimorar o desempenho. Normalmente esse prêmio é um artigo de dança, como sapatilhas. Mas mesmo sendo algo pequeno, os alunos ficam enlouquecidos!

 

Qual é a sua proposta com o Workdance?

Junior: Eu venho do ballet clássico, e uma das coisas que proponho é a gente ver até onde podemos chegar na dança com os nossos corpos. Além disso, gosto de discutir e desconstruir o papel do gênero no ballet. E até mesmo os contos de fadas, né, que é tudo mentira. Não é só o homem que precisa ser a força na dança, por exemplo. E não é só a mulher que pode ser delicada.

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Apresentação pós-oficina (Foto: Workdance / Divulgação)

Você já percebeu algum aluno ou aluna que poderia ter futuro na dança?

Junior: Sim, e estamos com projetos para lançar esses alunos e alunas. Em 2015 tivemos a primeira edição do Workdance Competition, esse sim um projeto de competição. Nele, contemplamos quatro bailarinos do interior para ficarem aqui em Salvador com tudo pago no mês de janeiro. Eles fizeram cursos, foram a apresentações… Fizeram teste para a escola de Dança da Funceb, também. Os cinco alunos que fizeram – um outro menino veio só para fazer o teste – passaram, mas hoje só dois estão cursando. As meninas voltaram para o interior porque passaram no vestibular. São coisas da vida que acontecem, as pessoas mudam de ideia, percebem que dançar não é bem o que elas querem… Enfim. Meu papel é levar a dança para quem não conhecia, e abrir portas para as pessoas.

 

Veja mais fotos:

*As cidades que contam com o aporte financeiro do Governo do Estado da Bahia no edital de 2014 são Senhor do Bonfim, Santo Amaro, Itabuna, Valença, Jacobina, Miguel Calmon e Alagoinhas.

 

Vamos girar (mais)?

A gente já deu algumas dicas de giros aqui, mas como o processo realmente é complexo e algumas fórmulas não se adaptam tão bem a uns como a outros, voltamos ao tema com mais técnicas pra você testar na sala.

Se o seu problema é a pirueta de quarta (en dehors ou en dedans), tente reeditar nossa dica de pensar em subir no rélevé passé antes de girar e complete com: deixe seu braço da preparação te levar, como se ele fosse seu impulso. Pode parecer maluquice, mas volta e meia a gente esquece do danado – e é justamente ele que acaba derrubando o giro. Pense assim: vou subir no passé e fechar o braço, e o resto se resolve com a ‘bateção’ de cabeça.

Chaînés (ou chaînés déboulés, que significa algo como ‘giros espiralados em cadeia’): mantenha os calcanhares beeeeem juntinhos, sempre. Mesmo com a formação em Royal Academy, que ensina essa técnica com os braços sempre em primeira fechada, eu prefiro começar com eles mais abertos e ir fechando à medida que avanço na diagonal (como na foto abaixo). E isso tem uma explicação física: quando você fecha os braços, você gira de forma mais rápida, o que funciona muuuito bem para chaînés! Falando em física, você já viu nossas dicas de fouetté?

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A bailarina  Lauren Wolfram demonstra o passo a passo dos chaînés! Foto: Erin Baiano

Outra dica preciosa para qualquer giro é: jogue seu corpo levemente para frente, especialmente se você estiver na ponta. Quando subimos nas pontas, o natural é que a gente jogue as costas para trás um pouquinho, até se adaptar – e isso acontece nos giros, também. Experimente levar o tronco um pouco para frente, travar as costas e fechar bem as costelas na hora de girar. Até porque prevenir uma queda de frente é bem mais fácil do que de costas, certo?

 

 

 

Vídeo da semana #17!!

Uma coisa que eu falo bastante por aqui é o quanto eu acho importante que as grandes companhias invistam em material autoral e de coreógrafos contemporâneos. A gente sabe que o público do ballet clássico é, muitas vezes, conservador e avesso a mudanças (é com você mesmo, Bolshoi!), mas algumas companhias estão conseguindo introduzir mais variedade no repertório com muito sucesso.

O #videodasemana é justamente sobre um case de sucesso: o English National Ballet. Desde que assumiu a direção artística além do posto de primeira bailarina), Tamara Rojo conseguiu dar outros ares àquela que sempre foi a companhia à sombra do Royal Ballet. Hoje, o ENB é referência no Reino Unido em trabalhos autorais, e tem produções de clássicos de forma não-convencional, como o formato “caleidoscópio” ou “3D” – que a gente já avaliou (in loco!) aqui.

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Tamara Rojo interpreta Frida em momento de dor crônica (Foto: Reprodução)

Pois bem, vamos ao vídeo, finalmente! Dessa vez o ENB aposta em She Said, uma coletânea de três ballets coreografados por três mulheres (sim, porque existe muito sexismo no ballet clássico também!), Aszure Barton, Annabelle Lopez Ochoa e Yabin Wang. O que a gente escolheu para analisar foi Broken Wings, de Annabelle Lopez Ochoa, sobre a vida da pintora mexicana e ícone feminista Frida Kahlo.

Claro que nesse vídeo não temos o ballet inteiro, apenas trechos do ensaio, mas já podemos destacar duas coisas: uma é a introdução das pinturas da Frida e do marido dela, Diego Rivera, no cenário (móvel!), e que os bailarinos dialogam com ele o tempo todo. Segundo, que as dores físicas e psicológicas de Frida são retratadas como um personagem à parte, o que eu achei super interessante. Além disso, a coreografia me parece mais livre, menos amarrada ao conceito do clássico, e mistura muitos elementos da cultura mexicana – inclusive a dança local.

Vale o clique!

 

Quer mais #videodasemana? Acesse nosso arquivo!

Se você for muito sortud@ e estiver em Londres nos próximos dias, o ENB vai se apresentar em Sadler’s Wells do dia 13 ao 16 de abril. Mais informações aqui!

 

Tensão em Bucareste (post atualizado)

Uma notícia surpreendente – e descoberta de forma ainda mais chocante – dominou o noticiário de dança internacional. A história envolve Johan Kobborg, ex-principal do Royal Ballet, e marido da estrela romena Alina Cojocaru. Eis o drama:
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Kobborg e Alina em Romeu e Julieta, no Royal Ballet. (Foto: Elliot Franks)

Desde dezembro de 2013 Kobborg comandava a Opera Nacional de Bucareste, na Romênia, como diretor artístico. Ele ainda teria mais dois anos de contrato. Com a nova direção da ONB, que chegou na semana passada, ele descobriu, através do site da companhia, que foi REMOVIDO do cargo e realocado como corpo de baile. Hoje nem mais lá ele está listado.

Jura, gente? Os bailarinos da ONB já se manifestaram e disseram que não se apresentam sem Kobborg no comando, inclusive Alina, que faria participações especiais na companhia (ela, atualmente, é bailarina do English National Ballet). “Eu só vou me apresentar sob a administração de quem tornou esse ballet possível para a apreciação do público, com Kobborg como nosso líder”, Alina declarou no Twitter.
Em várias redes sociais, Kobborg se disse traído e teme que ‘o medo e terror’ voltem a dominar a companhia. Não sabemos exatamente a que ele se refere. Nós tentamos contato com o Kobborg, mas ainda não tivemos retorno. Mesmo assim, ficamos muito tristes com essas notícias e esperamos que tudo se resolva da melhor forma para os bailarinos e Kobborg, que, desde que assumiu, fez um trabalho super bonito na ONB!
kobborg_twitter“É com o coração pesado que eu encontro meu nome removido do cargo de diretor artístico da companhia ONB. Eu  nada tenho além de amor pelos dançarinos. Sonho de um dia voltar e terminar o que terminamos. Peço desculpas aos bailarinos que eu não tenha tido chance de dizer a vocês pessoalmente. Sejam fortes. Vocês todos são lindos”, diz Kobborg em post no Twitter quando descobre estar afastado do cargo.
ATUALIZAÇÃO!!
Kobborg anunciou no Twitter que entregaria sua demissão no dia 12 de abril, pelos motivos já citados acima. Ainda não conseguimos contato com ele ou com Alina Cojocaru, sua esposa, então não entendemos exatamente o que ele e os bailarinos tanto temem com a chegada da nova administração. Se antes a gente tinha alguma esperança que ele ficasse na ONB, isso parece que não tem mais como acontecer.
Segue a carta publicada no Twitter:
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Mônica Nascimento: Me orgulho de estar há 24 anos no BTCA

Que abril é mês da dança isso já não é novidade, certo? Além de ser um mês cheios de atrações, também é o mês em que o Balé Teatro Castro Alves completa 35 anos! Além do post já dedicado a esse marco (que você confere aqui), o OITO TEMPOS conversou com Mônica Nascimento, bailarina cuja história na dança está entrelaçada à da companhia. Seu relato, com certeza, vale esse post à parte:

“A ideia de comemorar os 35 anos do BTCA, inicialmente, foi um grande desafio para mim. Não tinha certeza se esse seria um momento de comemoração. Sem orçamento desde 2015, passamos por dificuldades para realizar projetos artísticos, dançar para população… enfim, desempenhar nossa função como Companhia Oficial de Dança do Estado da Bahia.

Minha motivação foi crescendo com o (re)encontro com o coreógrafo Luis Arrieta, um mestre que transpira arte, devoção e amor à dança, inteireza! Lembranças incríveis de tempos idos, crescimento! E, também uma oportunidade de nessa linda e emocionante festa informar aos nossos amigos e à população como o BTCA se encontra nos dias de hoje.

Tenho orgulho do empenho do nosso diretor atual, ex-bailarino do BTCA, Antrifo Sanches, para realizar esse ‘niver’! Também tenho orgulho de como demostramos o amor por essa companhia e sua história. Tenho orgulho de estar há 24 anos no BTCA e, perceber a vital importância dela na minha vida profissional e pessoal (será que tem diferença?). Meu primeiro filho se chama Guilherme e sei que esse nome surgiu por inspiração de um coreógrafo que foi relevante para minha formação, Guilherme Botelho!

Que o Balé Teatro Castro Alves continue sendo um importante propagador da arte por muitos e muitos anos!”

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Mônica Nascimento e seu sorriso inseparável! (Fotos: Arquivo pessoal)

Não poderíamos dizer melhor, Mônica! Arrasou no depoimento da mesma forma que você arrasa nos palcos 🙂

BTCA 35 Anos!

Nos dias 1 e 2 de abril de 2015, o BTCA (Balé do Teatro Castro Alves), companhia baiana, completou 35 anos de existência, fazendo uma grande festa de aniversário no próprio Teatro Castro Alves, em Salvador (BA). A celebração é uma colcha de retalhos de memórias, lembrando momentos e pessoas que fizeram parte dela. Vale ressaltar que o BTCA foi a quinta companhia oficial de dança do Brasil e a primeira oficial do Nordeste

Intitulado “Memórias em Movimento”, o projeto contou com trechos de espetáculos que fazem parte do repertório da companhia (Sanctus, A quem possa interessar, Essa Tempestade), depoimentos gravados de personalidades como o coreógrafo Luis Arrieta e Lia Robatto, homenagens póstumas a artistas que passaram pela companhia, como o maître de ballet Carlos Moraes – esse, para mim, foi o momento mais emocionante.

 

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Sanctus é um dos repertórios mais conhecidos do BTCA (Foto: Divulgação / BTCA)

Ainda hoje, o BTCA é uma companhia que funde arte contemporânea com toda a carga cultural que só a Bahia tem, mesclando gerações que acompanharam o início dela com novos bailarinos que agora começam a escrever também as suas.

Nós, o público, tivemos a oportunidade de conferir um lado da companhia que nem sempre chega a nós: aquele da falta de patrocínio e iniciativas que muitas vezes ameaçaram extinguir a companhia para sempre. E, mesmo assim, o elenco trata das situação com muita leveza e graça dentro da comemoração.

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Essa Tempestade também foi reapresentada (Foto: Isabel Gouvea / BTCA)

Tatiana Schwartz, nossa querida leitora do blog, relatou um pouco de como foi assistir ao BTCA: “Foi emocionante, envolvente, a estrutura feita com um tom autoral, biográfico, abordando o viés político, de questionamento sobre a falta de investimento em arte e cultura, o que deu mais força ao espetáculo. É uma história muito bonita, trabalhos lindíssimos. Temos muito o que agradecer de isso existir e termos oportunidade de presenciar um evento desses. Se fosse para resumir em uma palavra: emocionante!”.

Ao final, tivemos ainda a dobradinha maravilhosa da OSBA (Orquestra Sinfônica da Bahia) com o cantor Gerônimo fechando literalmente com chave de ouro. Simplesmente maravilhoso!

Para quem predeu o espetáculo, ainda permanece a exposição no foyer do teatro até o dia 30 de abril. Dá uma passadinha lá que vale super a pena!

 

Local:  O Teatro Castro Alves fica na Praça Dois de Julho,s/n, Campo Grande, Salvador – Bahia. Telefone: (71) 3535-0600

Vídeo da Semana #16!

Falando como a bailarina amadora que sou, poucas coisas são tão gostosas quanto dançar no palco. Nunca participei de uma companhia profissional, mas imagino que dividir o palco com os bailarinos que eu mais gosto seria uma experiência indescritível.

Pois foi essa a experiência que a Batsheva Dance Company promoveu a alguns sortudos que estavam na plateia. Em dado momento da apresentação, os bailarinos descem do palco e sobem acompanhados. E… Dançam com seus ‘partners’!

Algumas dessas pessoas têm alguma ligação com a dança, mas muitas não têm. E isso não impede da apresentação continuar com ares de coreografia: os bailarinos (profissionais, hehe) conduziam os convidados de tal forma que, qualquer que fosse o movimento, estaria dentro de uma formação interessante.

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Público participa da coreografia! (Foto: Reprodução)

Não tem muito mais o que falar, além de que é LINDO ver a expressão no rosto dessas pessoas no palco! Algumas meio aterrorizadas, verdade, mas a maioria estava lá, talvez pela primeira vez, fazendo o que a gente tanto gosta: se divertir no palco. A montagem é de Ohad Naharin, um dos maiores coreógrafos do ballet contemporâneo.

Segue o vídeo! Espero que goste 🙂

PS: Essa análise foi de apenas um trechinho da apresentação, mas vale MUITO a pena ver tudo! No link tem o espetáculo completo.

PS 2: Obrigada à leitora Carla Siqueira, que me apresentou a essa companhia e apresentação tão lindas!

Quer mais #videodasemana? Clique ao lado pra acessar nosso arquivo!