Vídeo da semana #10!!

Olá queridos leitores!! Mais uma sexta-feira e com ela mais um #videodasemana, esse que foi sugerido pelas nossas leitoras fiéis, Mariana Zollinger e Isolda Lisboa (essa que é, por acaso, mãe da Juliana, minha parceira!).

Semana passada trouxemos aqui uma mistura de pole dance e ballet, lindamente interpretado pela bailarina Elena Gibson ao som da partitura de A morte do Cisne. Hoje, traremos a vocês uma leitura mais clássica dela.

A bailarina que interpreta o cisne nesse vídeo é nada mais nada menos que a Maya Plisetskaya, considerada uma das maiores bailarinas do século XX, juntamente com a Alicia Alonso e Margot Fonteyn. A Morte do Cisne é, provavelmente a interpretação pela qual ela é mais lembrada. A música é extremamente triste, e a coreografia mostra um cisne se debatendo até a morte. Plisetskaya faz uma linda interpretação com sentimento e graça que somente uma bailarina de seu top poderia fazer. Talvez algumas pessoas percebam que os balances não sejam tão sustentados como costumamos ver em interpretações clássicas atuais, ou percebam que em alguns momentos os courus na ponta estão paralelos. Nesse caso, analisemos que o ano é 1975, e algumas das características desenvolvidas e praticadas pelo ballet atual não existiam naquela época, onde havia uma valorização do artístico, e não do “acrobático”, como vemos nos tempos de hoje. Plisetskaya faleceu no dia 02 de maio, e deixou para nós um legado em dança que ficará para sempre! Vamos ao vídeo:

 

Vem dar uma conferida no nosso acervo de vídeos anteriores:

Vídeo da semana #09

Vídeo da semana #08

Vídeo da semana #07

Vídeo da semana #06

Vídeo da semana #05

Vídeo da semana #04

Vídeo da semana #03

Vídeo da semana #02

Vídeo da semana #01

Let’s (pole) dance!

Erika Thompson (Foto: Roberto Cunha)

Um estilo que vem crescendo muito no Brasil (e no mundo também, é só ver o número de campeonatos internacionais) é a famosa dança com o mastro. O pole dance, ao contrário do que diz o imaginário popular, vem beeeem antes das strippers de lingerie e salto agulha nos bares americanos, e requer muito mais força, técnica e leveza do que parece.

De cara, dá para ver que existem semelhanças com a dança clássica: os pés das pernas de trabalho SEMPRE estão esticados, as pernas também fazem movimentos conhecidos, como o espacate, arabesque, penchée, e os braços, quando não estão segurando a bailarina no mastro, podem fazer port-de-bras riquíssimos. E tudo sem impacto!

Conversamos com Erika Thompson, pole dancer – ou polerina – que já participou de vários campeonatos nacionais e internacionais (ano passado ela competiu no Mundial na China, ficando entre as finalistas, e foi vice-campeã do Miss Glamour em 2014), que explica as diferenças entre pole dance e pole sport e como fazer para começar.

 

Como foi que surgiu o pole dance?

É uma atividade que veio de uma ginástica, e não veio como dança, a princípio. Ele surgiu na Índia e o pole era de madeira. Os homens – porque mulheres não podiam – faziam várias acrobacias. Com o tempo isso foi se aprimorando até chegar ao circo. De lá se dividiu em duas vertentes. Uma foi a acrobacia, mesmo, que se consolidou como esporte tipo a ginástica. A outra foi a dança sensual.

Muita gente ainda hoje associa o pole dance à sensualidade, com a dançarina de salto alto e lingerie…

Sim, sim. Se eu não me engano, durante as guerras as mulheres eram chamadas para dançar em volta do pau da barraca que os soldados ficavam. Acho que saiu daí. E, ao mesmo tempo, tinha o circo usando o pole no mastro chinês, de uma forma completamente diferente. Daí a isso virar o que fazemos hoje levou bastante tempo. Tem uns seis anos que fazemos pole dance dessa forma, incorporando dança contemporânea, jazz, stiletto… Aí o salto entra com outra funcionalidade, é parte da dança, tem técnica. Como uma sapatilha.

Erika no Mundial na China Foto: Acervo pessoal
No Mundial na China. Foto: Acervo pessoal

E quais são os benefícios?

São infinitos. Desde físicos até psicológicos. No corpo é uma atividade que trabalha muito os músculos. De cara, os braços, até para conseguir subir no mastro. Mas não fica nada de fora: pernas, glúteos, costas, abdômen… Tem que ter muita força. É muito completo como atividade física. Mas eu vejo que o pole traz algo que não sei se outras danças trazem, pois é algo mais democrático. Todas as pessoas podem fazer em qualquer momento da vida. Não precisa ser desde pequenininha, até porque o pole kids começou tem uns quatro anos. A maioria começou já adulta ou adolescente. E você pode fazer uma performance incrível independente do peso, altura, porte físico.

Nas aulas e apresentações vocês estão sempre de top e shortinho, analisando bastante o próprio corpo. Isso acaba sendo ruim?

Pelo contrário. Muitas alunas até chegam complexadas com o próprio corpo, mas todas elas me disseram que passaram a ter uma relação melhor com o corpo depois de ver capaz de fazer. Aquele corpo, que elas achavam tão imperfeito, pode fazer tanta coisa que elas nunca imaginavam, que elas passam a amá-lo do jeito é. Tem outra coisa: você tem que começar a tirar a roupa, porque senão você não avança. O pole precisa do atrito da pele, e com blusa e short muito longos você não consegue isso. Você tem que escolher se você se esconde ou se evolui.

A movimentação do pole dance parece ser infinita. São muitos passos ou variações de passos?

Esse é um processo que ainda está em formação. Às vezes uma aluna que está mais avançada começa um movimento e ele se desenvolve de um jeito diferente. Aí me perguntam se está errado. Não, só não existia antes! A gente ainda está criando passos e movimentos. Existem os básicos e tradicionais, variações deles, também, mas tem mais coisa sendo inventada. Novas combinações, novas técnicas… No instagram, mesmo, todo dia tem coisa nova aparecendo. O pole ainda não está pronto. Não sei se um dia vai ficar.

O que é preciso para começar a dançar?

Algumas travas, posições de mãos, trava de pernas para se segurar no pole, e saber descer. Porque muitas vezes a pessoa executa bem o movimento mas “cai”. Não é uma atividade de impacto, ou você desce escorregando ou desce controlado. Se cai “tombando” pode machucar. E, assim como em outras danças, a ponta de pé é essencial. É uma atividade longilínea. Em campeonatos, mesmo, se você deixar o pé mole, as pernas frouxas e ficar se ajeitando muito na barra você perde ponto.

E os homens no pole dance?

Não é tão antigo como as mulheres, mas não é tão recente. O primeiro homem campeão brasileiro foi em 2010. Se o pole dance tem uns 15 anos como atividade aqui no Brasil, a participação masculina deve ter metade disso. Os meninos que faziam mastro chinês no circo descobriram no pole uma variação daquilo que eles já conheciam. Acho que eles vêm mais pela questão da força, mesmo.  Ainda existe o preconceito de que é coisa de mulher, de gay… Faz quem quer, gente. Não tem isso. O pole dá muita força, agilidade, flexibilidade, e isso começou a chamar atenção deles. E que bom!

Você começou como atleta, não foi? O que te fez mudar para dança?

No decorrer da minha carreira como atleta eu me percebi muito mais como artista do que como atleta. Nos campeonatos de pole sport, mesmo, eu comecei a enjoar do que via. Funciona como a ginástica, tem movimentos que dão mais pontos, quando combinados com outros têm mais pontos ainda, tanto tempo no solo, tanto tempo na barra… Então as coreografias ficam muito iguais. Você tem que colocar determinado movimento porque senão você não vai ganhar. E eu comecei a querer dançar do jeito que eu queria, colocar os movimentos que eu queria, sabe? Por isso me identifico, hoje, mais com a dança do que com o esporte. Eu gostava muito de competir. Hoje eu quero ter liberdade para criar, e ter um corpo que me permita criar.

Erika tem um studio onde treina e dá aulas de pole dance em Salvador. Quer saber mais? Clica aqui! O instagram dela é @erikathompson.poledancer. Segue que é babado!!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vídeo da semana #09!!

Olá pessoal, tudo bem? Toda sexta-feira é certo para vocês o nosso #videodasemana, e a gente quer que vocês sugiram para nós os vídeos de dança que mais gostam. Sugiram sem moderação, hehe!!!

Esse de hoje surgiu de uma garimpada minha mesmo pela internet, e vai trazer para vocês uma mistura que até esse post eu não acreditava ser possível: pole dance e ballet (isso mesmo, você não leu errado!). Temos a bailarina Elena Gibson (ela que é formada pelo National Ballet of Canada, de quem já falamos aqui) interpretando a famosa coreografia de A morte do Cisne no mastro específico da prática do pole dance. Apesar de exigir muita força muscular de braços e pernas, a bailarina dá conta do recado, mostrando que tudo pode ser leve e etéreo quando se trata de misturar essas duas artes até então distintas entre si. Leveza e beleza fazem parte dessa apresentação, em uma releitura fantástica dessa coreografia secular. Vamos a ela então! 🙂

 

Para ver nossos outros vídeos da semana:

Vídeo da semana #08

Vídeo da semana #07

Vídeo da semana #06

Vídeo da semana #05

Vídeo da semana #04

Vídeo da semana #03

Vídeo da semana #02

Vídeo da semana #01

Ballet salva-vidas

Thiago se destacou na seletiva do Bolshoi (Foto: Matheus Pirajá)

A voz dele sai tão fininha que é até difícil ouvir. Parece estar com vergonha, ainda não se acostumou com essa coisa de dar entrevista. Diz que não sabe por quê gosta de dançar, apenas gosta. Muito.  E quer continuar fazendo isso pra sempre.

A vida de Thiago Nascimento de Jesus deu um giro de 180º quando o garoto, de 11 anos, foi aprovado para a escola do Ballet Bolshoi, em Joinville (Santa Catarina). A felicidade de conquistar uma bolsa vem com a novidade das entrevistas – Thiago foi o único baiano a passar na seleção na turma iniciante – e da mudança. Cheio de pose, ele diz que já esteve em Joinville, na própria academia do Bolshoi, e gostou do que viu. “É muito, muito grande. E tem várias salas”, disse, esboçando um sorriso.

Assim como aconteceu com Thiago, a dança tem o potencial de mudar e melhorar muitas vidas. De família muito humilde, ele não teria muitas oportunidades de estudar e investir na formação profissional. Ele só conheceu o ballet graças ao projeto de bolsas que sua professora, Juliana Stagliorio, mantém na escola.

“Eu pedi que ele se inscrevesse para a seleção do Bolshoi primeiro porque ele tem o físico muito bom para o método Vaganova, que é longilíneo e exige flexibilidade. Mas o outro motivo foi garantir que ele pudesse sair da comunidade dele como outra coisa que não pedreiro, garçom… Porque a realidade dele era essa”, disse a professora. Fica aqui nosso pedido para donos e donas de academias para também concederem bolsas para alunos que não podem pagar. Vai que você descobre o próximo Marcelo Gomes ou Ana Botafogo?

E a técnica?

Na escola, Juliana ensina o método cubano, conhecido pela agilidade e versatilidade na organização dos passos. O russo, que Thiago vai encarar no Bolshoi, é diferente – e vai exigir mais das extensões que ele tem ao seu favor. Ainda assim, Juliana, que é formada em fisioterapia, não esconde uma pontinha de preocupação no quesito técnica: como ele é muito flexível, não tem ainda muita força nos músculos internos e pode acabar trabalhando o “en dehors” errado, forçando os joelhos e os pés. Isso, aliás, é uma dica que vale pra todo mundo!

“O método Vaganova tem várias semelhanças com o cubano, como passos com bastante rélevés no centro, o que exige um trabalho de equilíbrio e core muito forte e, às vezes, muito cedo. Mas tem a questão da flexibilidade, também. Aqui a gente ensina como tem que trabalhar o en dehors, que não pode forçar muito para não machucar. Lá no Bolshoi eu sei que vão esperar isso dele. E no próprio método cubano, quando o aluno chega nos graus mais avançados espera-se que ele feche a primeira posição a 180º”, lamentou.

Natural

Alguns bailarinos têm a vantagem de, como Thiago, nascerem com o corpo já “preparado” para a dança. Juliana conta que percebeu que ele era diferente logo no primeiro dia, quando ‘escalou’ com as pernas em segunda e virou para o espacate de frente nos dois lados – tudo pelos ligamentos. Sem surpresas, os passos que Thiago mais gosta de fazer até hoje são os que exploram sua extensão, como grandes saltos e grand battements. Ah, ele ele gira super bem também, obrigada! Segundo ele, o mais chato é justamente fazer exercícios que exigem força muscular, como fondues e adagios.

Thiago aguarda com certa ansiedade poder dançar de verdade na academia do Bolshoi. Na última vez que esteve lá, para a segunda parte dos testes de admissão, ele reclamou que “ninguém pediu para eu dançar” e só ficou examinando seu físico. Calma, rapaz! Você vai ter oito anos pra mostrar serviço e, no final das contas, realizar o sonho de se apresentar nos maiores palcos do mundo. Onde? “Ah, qualquer um. Mas quero dançar em Cuba. E na Rússia”, comentou. Tá bem encaminhado!

OBS: A família de Thiago ainda precisa de ajuda para conseguir fazer a mudança. Se você puder contribuir, as doações podem ser feitas aqui: Banco: Caixa Econômica Federal, Agência: 4112, Operação: 013, Conta: 9341-8

Dicas contemporâneas

Bailarinos da companhia Alvin Ailey em "Revelations". (Foto: Paul Kolnik)

Muitos bailarinos – especialmente os formados em clássico – encontram dificuldade para executar movimentos de técnicas mais contemporâneas. Lysion Vieira, bailarino do Ad Deum Dance Company, relatou isso pra gente. Para você não se sentir sempre tão “estranh@” ou desconfortável, seguem algumas dicas para se “soltar” um pouquinho mais!

Primeira coisa: contemporâneo também é ballet! Existem movimentos diferentes, é verdade, mas muita coisa é variação do que você já conhece com uma roupagem diferente. Tanto é que muitos professores e coreógrafos usam os mesmos nomes do clássico em suas peças, como sissone, attitude, jété… Claro que isso é para facilitar a compreensão, e que vai haver uma mudança ou outra. Talvez o sissone seja com as pernas en dedans, o attitude com os pés em flex e o jété com braços jogados para cima e cabeça para trás.

Muitas vezes isso faz com que os bailarinos demorem um pouco mais para “pegar” os passos, justamente porque o clássico é mais “quadrado” e eles não estão tão acostumados com um vocabulário tão amplo. Outra coisa é que, no clássico, temos a necessidade de tensionar áreas como a espátula, ombros e costas o tempo todo para realizar os exercícios – o que não necessariamente acontece no contemporâneo. Uma boa opção pode ser fazer exercícios de relaxamento nessas áreas durante o aquecimento.

Não existe uma fórmula para você começar a se sentir mais confortável fazendo os movimentos. Alguns dançarinos sentem isso imediatamente, outros demoram mais. A repetição dos passos, mesmo os que você acha estranhos ou até feios, fazem com que ele fique mais natural no seu corpo. Outros bailarinos sentem falta da “lógica” que existe na aula de ballet, mesmo que livre. Isso nem sempre existe no contemporâneo, e por isso pode ser interessante você começar a “juntar” na sua cabeça combinações de passos que você nunca tinha pensado antes, só pelo exercício da coisa!

Outra ideia bacana é começar a assistir algumas produções e ver as diferenças nas técnicas do contemporâneo e moderno, como Isadora Duncan, Martha Graham, Horton… Pode até demorar, você vai  conseguir dominar o estilo- talvez não tão bem quanto o clássico, jazz ou afro, mas aí vai de cada um!

Quer ver um pouquinho de um repertório que adoramos? Aí vai “Revelations”, da companhia americana Alvin Ailey.

Fonte: Goulet Ballet

 

Vídeo da semana #08!!

ponta
Uma das pontas da Jessica Fyfe (Foto: reprodução)

Cada um com seu cada qual, certo? O vídeo de hoje, sugestão da leitora Edielle Caroline, mostra o método de preparação da matéria-prima das bailarinas clássicas: as pontas! Sim, porque cada uma tem um jeitinho diferente de deixar a sapatilha mais confortável, ainda que muitas companhias tenham fabricação própria e personalizada (inveja eterna!!!!).

Todas as bailarinas que aparecem são do Australian Ballet, nossa companhia queridinha! A primeira é a solista Jessica Fyfe, do corpo de baile, disse que tem cerca de sete ou oito sapatilhas à disposição ao mesmo tempo para uso nas aulas, ensaios e apresentações. Ela disse que gosta de ter umas duas ou três mais molinhas, que são boas para saltos e para os palcos, umas três quase”no ponto” e uma bem dura, no caso de alguma amolecer muito mais rápido do que ela previa.

Para deixar as pontas “nos trinques”, Natasha Cushen, coryphée, gosta de raspar a sola, para dar mais atrito e melhorar a aderência ao solo e passa cola nas laterais internas (essa eu nunca tinha visto!). Já a principal Amber Scott sempre “embala” o pé esquerdo numa fita larga, por conta de lesões passadas, para prevenir novas.  Ela gosta de colocar um elástico largo e grosso na parte da frente, para segurar o colo do pé, e costurar as pontas para ajudar no equilíbrio (a Lisa Craig, também do Australian Ballet, já tinha dado essa dica no World Ballet Day).

E você, tem alguma técnica para deixar a sapatilha “no ponto”? Eu gosto de amolecer um pouquinho o gesso, para diminuir o barulho, então jogo um pouco de água na parte de cima e piso nela, moldando a caixa do jeito que eu gosto. Meu pé, apesar de não ser bonito, é forte, e por isso eu quebro a sola bem em cima, para impedir que ela quebre no meio e force uma ponta “errada”. Também uso elásticos para reforçar a segurança, mas não tão grossos como os da Amber Scott. E pretendo costurar as pontinhas para ver se o equilíbrio melhora, mesmo!

 

Veja nossos outros vídeos:
Vídeo da semana #07

Vídeo da semana #06

Vídeo da semana #05

Vídeo da semana #04

Vídeo da semana #03

Vídeo da semana #02

Vídeo da semana #01

Mais folclore, por favor!

A gente adora quando fica sabendo do surgimento de uma companhia de dança, então quando aparece uma contemporânea e que se diz folclórica, a gente curte mais ainda! Calma que ainda não acabou: os bailarinos vêm de projetos sociais do bailarino e idealizador Denys Silva.

A companhia – que leva o nome do espetáculo – apresenta pela primeira vez  “Tradições de uma Bahia” no teatro. Segundo Denys, que é professor de dança moderna e ex-bailarino do Teatro Castro Alves, eles sempre foram convidados para dançar, e foi daí que veio a ideia de levar o repertório, que existe desde 2014, aos palcos. Segundo ele, isso aconteceu graças à parceria com Nell Araújo, que é o diretor do Teatro Jorge Amado.

“Há um ano e meio montei essa equipe com jovens adultos da comunidade. São capoeiristas e bailarinos que tinham desejo de dançar profissionalmente. Fizemos trabalhos na comunidade e fomos convidados para fazer apresentações da cultura baiana, e foi daí que surgiu o espetáculo. Formule, então, um balé folclórico no formato do teatro e, com o apoio de Nell, vamos realizar no Jorge Amado. A gente tem dentro do espetáculo toda a parte tradicional do nosso folclore, orixá, puxada de rede, capoeira, makulelê, utilizando a linguagem na dança na baseado na técnica Horton, que eu dou aula. O espetáculo esta bem interessante e quem viu gostou muito e recebeu muito bem!”

Além do folclore tradicional, o balé é baseado fotografias de Pierre Verger, das telas coloridas de Carybé e traz referências aos blocos afro. Em pouco mais de um ano os jovens que participam do projeto, juntamente com a companhia, já se apresentaram em diversos espaços culturais de Salvador.

Excerto do espetáculo "Tradições de Uma Bahia" Foto: Edvaldo Luneto
Excerto do espetáculo “Tradições de Uma Bahia” Foto: Edvaldo Luneto

O que: espetáculo “Tradições de Uma Bahia”

Onde: Teatro Jorge Amado (Avenida Manoel Dias da Silva, 2177, Pituba, Salvador – BA).

Dia e hora: 21h. O espetáculo fica em cartaz até dia 25 de fevereiro, e, tirando a estreia, no dia 13 de janeiro, acontece todas as quintas-feiras.

Ingressos no local (R$ 40 inteira e R$ 20 meia)

Mais informações aqui!

Vídeo da semana #07!!

Olá, queridíssimos leitores!! Mais uma sexta-feira chega e com ela mais um vídeo da semana para VOCÊS! O vídeo de hoje foi postado pela nossa amada leitora Tatiana Schwartz, e graças a ela (obrigado, Tatiana!) vamos falar sobre, talvez uma das partes mais importantes dentro de um ballet de repertório: a mímica.

Fato é que, por ser voltado para um público mais entendido, as pessoas que assistem a um ballet de repertório muitas vezes não entendem “bulhufas” dos gestuais e mímicas que os bailarinos estão executando (às vezes entendem uma coisa ou outra, mas nem sempre tudo). Pensando nisso, o Royal Ballet, em seu canal no Youtube, postou um vídeo que serve como um guia iniciante para as mímicas.

A “aula” começa no encontro de Odette, Rainha dos Cisnes, com o Príncipe, no segundo ato de “O Lago dos Cisnes”. David Pickering é o professor que tem a tarefa de decodificar para a plateia do vídeo cada parte da mis-en-scéne. Os bailarinos que encenam esse momento são nada mais, nada menos que os queridos Thiago Soares e Marianela Nuñez, primeiros bailarinos do Royal Ballet, e os favoritos do pessoal aqui do blog, com certeza :-)!!!

Marianela ri ao 'interpretar' o bruxo (Foto: Reprodução / ROH)
Marianela ri ao ‘interpretar’ o bruxo (Foto: Reprodução / ROH)

Aqui temos uma explicação de cada gestual executado pelo bailarino para se fazer entender nas mímicas: as lágrimas, reverências, apontar para lugares, juras de amor. Tudo isso faz parte desse e de outros ballets já conhecidos. Marianela faz muito bem seu papel de anfitriã do público, sendo bem humorada a todo tempo em que ela mesma explica a cena. O vídeo ao final tem as legendas em inglês, para facilitar ainda mais a compreensão de quem assiste pela net. Posso dizer que é um vídeo muito educativo, esperamos que o Royal Ballet continue a investir em mais iniciativas assim. Então, vamos a ele:

 

Continuem a sugerir vídeos para nós!! Quer ver os nossos outros vídeos da semana? Clica aqui embaixo!

Vídeo da semana #06

Vídeo da semana #05

Vídeo da semana #04

Vídeo da semana #03

Vídeo da semana #02

Vídeo da semana #01

Victor Hugo: “Quero ajudar a popularizar a dança na Bahia”

Diretor do Grupo Experimental de Jazz, Victor Hugo Paiva – ou apenas Victor Hugo, como ele prefere ser chamado – se viu numa encruzilhada quando se viu sem o apoio financeiro do edital Agitação Cultural, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult). Assim como sua companhia, vários outros artistas que passaram no edital tiveram suspensos os repasses por conta da crise financeira.

Determinado a comemorar os cinco anos do grupo, Victor Hugo resolveu assumir os custos do espetáculo e produzi-lo do jeito que tinha imaginado – ou o mais próximo disso. Em nossa conversa, ele conta que problemas como esse são comuns, e que tanto o empresariado baiano quanto o governo falham na hora de incentivar artistas.

Mesmo assim, Victor Hugo espera conseguir mudar um pouquinho esse cenário, e popularizar a dança na Bahia até que ela faça parte do calendário das pessoas. Seu espetáculo, “A Última Ceia”, que será apresentado no Teatro Isba no dia 21 de janeiro, será o primeiro passo nesse sentido.

Sua companhia chegou a passar num edital- que depois retirou o apoio financeiro por conta da crise. No que isso alterou seus planos?

Isso nos impactou de uma forma muito forte. Eu tive que assumir praticamente 100% tudo financeiramente, quando eu contava com um apoio. Então, fica complicado. Mas quis manter tudo que tinha planejado, na medida do possível. E resolvi trazer o Owen (Lonzar, coreógrafo sul-africano). Trazer alguém de fora é ampliar o conhecimento. Eu já tinha visto shows dele e achei as produções bem diferente. Conheci o trabalho dele na Turquia, quando ele fazia shows em hotéis. Na época, percebi que ele fazia algo extra de entretenimento e o convidei para ver meu grupo.

E como foi essa troca de experiências?

Existem informações novas: ele pensa de uma forma diferentes e tem uma organização diferente. Houve um choque entre elenco e professor. Ele não tolera atraso. A gente tem esse negócio de chegar dez ou quinze minutinhos atrasado que ainda ‘está na hora’. Com ele, não. Na cabeça dele tá tudo organizado, mesmo que a gente não entenda. Na questão coreográfica não tem nada muito diferente do que a gente faz, do movimento. Mas é um cuidado diferente, não é o que se faz, mas a forma com que se faz.

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Filipe Monteverde e Victor Hugo (centro) com  o corpo de baile do Grupo Experimental de Jazz (Foto: Arquivo pessoal)

Por que você resolveu, agora, fazer um trabalho maior?

Meu grupo está fazendo cinco anos, por isso eu quis fazer algo diferente e movimentar a cidade, que está parada – culturalmente falando. Eu tenho um TOC de datas, quase, e gosto muito de comemoração. São pessoas que estão comigo há um tempo. Tenho medo de estagnar e fazer sempre a mesma coisa, porque isso é o que me motiva, para vivenciar outras coisas. Faço muitos cursos, participo de congresso de dança. Mas não são todos do grupo que vivem de dança, até para que eles se permitam continuar no grupo. Sei que não são todos que têm as mesmas oportunidades que eu de estar tão imerso no meio da dança. Ao mesmo tempo que trago esse coreógrafo pra mim trago pra eles também.

O que te fez escolher a dança para viver?

Me divirto muito dançando, dançava para extravasar. Quando escolhi dança como profissão, escolhi para me comunicar. Falo muito na sala de aula, nos ensaios, porque não me sinto sempre compreendido. Isso acontece mais com a dança. Quando crio uma coreografia de cinco, dez minutos, consigo ouvir dos que assistiram que se emocionaram, que se divertiram. Isso que me motiva na dança.

Existem empecilhos para trabalhar com dança na Bahia?

Ouço muita gente dizer que somos atrasados aqui na Bahia. Mas o que falta mesmo é uma postura profissional, não é atraso de técnica. A gente tolera muitos atrasos, muitos problemas. A gente tem que colocar mais verdade, mais compromisso. E isso não está relacionado a poder aquisitivo ou status. Tem muita gente em companhia que não vive de dança, e muitas vezes são essas as que se empenham mais. Se tem atraso aqui na Bahia é porque as pessoas querem separar tudo. Se eu faço jazz, meu trabalho é menor do que meu colega que faz contemporâneo. O pessoal que faz afro não passa em edital porque é afro, as pessoas têm preconceito. A gente entende a dança como estilo, e deve passar a entender como movimento. Se eu escolhi o jazz é porque eu me sinto mais confortável dançando e criando assim, não quer dizer que eu não faça outras coisas.

E na parte operacional da coisa, o que dificulta mais?

Existem empecilhos, como conseguir um teatro, apoio financeiro. Minha companhia passou duas vezes em edital, inclusive me disseram que foi o primeiro grupo de jazz a conseguir isso. Tem gente que diz que não dá pra viver de edital pra não ficar dependendo. Esse ano mesmo não teve, como é que faz? Como funciona o apoio? Tem gente que tem sorte de conhecer pessoas. O diretor de uma empresa que dá mil reais, que seja, já ajuda muito.

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Apresentação do Grupo Experimental de Jazz (Foto: Arquicvo Pessoal)

Como é o público de dança?

Nosso público não lota teatro. Temos um problema em Salvador, porque as pessoas não saem de casa para ir ao teatro. A gente não pode contar com o público de teatro. Nossos ingressos são vendidos entre familiares e amigos da dança. Quem assiste dança em Salvador é quem pratica dança. Hoje em dia temos as redes sociais, e é por lá que a gente divulga muito, porque não temos muito espaço na mídia. Além disso, as pessoas não têm o costume de abrir o jornal pra procurar uma apresentação de dança pra assistir. A gente compete com cinema, com show de Pablo… Às vezes as pessoas perguntam ‘quanto é’ e a gente fala o preço, R$ 30 reais. As pessoas não pagam R$ 30 numa apresentação de dança, mas gastam mais que R$ 50 numa sentada de bar num domingo. A gente quer popularizar a dança na Bahia. Quero arriscar, to lançando um canal do Youtube para disseminar a dança aqui. Amo cinema, adoro uma sala cheia. Adoraria ver isso com o teatro também.

 O que: “A Última Ceia”, coreografia de Owen Lonzar. Os ingressos custam R$ 30 e podem ser conseguidos através dos bailarinos

Onde: Teatro Isba, Ondina, Salvador (BA)

Quando: Dia 21 de janeiro. Sessões às 19h e 20h30

Exercícios de força!

Uma coisa que você pode fazer nessas férias do ballet – ou durante o curso de férias/ intensivo/turnê – é fazer exercícios de força para melhorar algumas coisinhas que não são o seu forte. Perna alta e en dehors, por exemplo, lideram a lista das auto-reclamações dos bailarinos em relação ao seus pontos fracos.

Sobre essas duas, temos algumas sugestões. O en dehors, ao contrário do que te falaram ao longo dos anos, não é apenas por conta da bacia, joelho e pés. Se você deu azar de nascer mais “tímid@”, com os pezinhos, joelhos e bacia virados para dentro, pode melhorar essa condição fazendo exercícios de rotação de uma partezinha bem esquecida por nós, seres humanos: os rotatores externos do quadril, imediatamente abaixo do bumbum.

Tá na dúvida onde fica? Faça a primeira posição, tensione os músculos e apalpe a região inferior dos glúteos. Estamos falando dessa parte que é mais macia por fora, mesmo que internamente esteja mais firme. E não, isso aí não é (só!) gordura!

Para esse exercício, coloque um par de meias normais (esqueça as de aderência ao solo, como as de pilates) e vá para um chão liso, frio, como o da cozinha. Fique com os pés paralelos e, pela parte interior da coxa, rotacione as pernas todas (pense no quadril, e não nos pés!) para a primeira posição. Faça o mesmo na segunda posição, repita cinco vezes em cada uma de forma intervalada. Parece simples, mas dá um trabalho danado!

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Primeira série de abdominais. Na segunda, mantenha a posição B com os braços em quinta posição e abra pernas e braços para a segunda. (Foto: Reprodução)

Quer ter força para segurar a perna alta no développé? Aqui vai uma dica matadora de abdominais – siiiim, muito da força que você precisa vem do abdômen! – mas igualmente eficiente: primeiro, faça uma série de abdominais com elevação de pernas e tronco (prefira deixar os braços demi-bras em vez de na cabeça, como na foto acima). Na segunda, fique em equilíbrio com os braços em quinta posição e as pernas levantadas. Abra pernas e braços para a segunda posição, sem sair do equilíbrio, e volte para a posição inicial. Repita dois oitos, para começar, e depois vá aumentando para quantos puder! Esse exercício é uma dica de Ed Cruz 🙂

Para você que está de bobeira em casa contando os minutos pras aulas voltarem, não se desespere! Se correr na orla não é o seu forte, experimente fazer, em dias alternados com os exercícios acima, o plano de 7 minutos, mais conhecido como o “7-minute-workout”. Por se tratar de um treino de alta intensidade intervalado (High Itensity Interval Training, HIIT, em inglês), você vai conseguir manter a resistência de aula e, o melhor – só dura 21 minutos!

Os exercícios e formas de fazer você encontra em aplicativos, no celular. Para dar uma olhada no que te espera, clique aqui!

A fonte do primeiro exercício é a Pointe Magazine.