World Ballet Day 2018 – Royal Ballet

Vadim e Osipova como Solor e Gamzatti
Natalia Osipova e Vadim Muntagirov ensaiam La Bayadère (Fotos: Reprodução)

O Royal Ballet fez uma das suas transmissões mais ‘cheias’ desde que o #WorldBalletDay começou, há quatro anos (nós acompanhamos desde 2015, quando lançamos o blog!).  Além da aula, a transmissão cobre sete ensaios (ainda que alguns sejam poucos minutos), uma aula da escola, entrevistas e vídeos de companhias parceiras, como o Royal Birmingham Ballet, English National Ballet e Scottish Ballet. Haja conteúdo!

A apresentação ficou por conta da principal character Kirsten McNally e principal Alexander Campbell, como no ano passado. É bem legal quando integrantes da companhia estão na apresentação porque os comentários são de gente que vive o dia a dia do ballet. Mas achei que eles interagiram pouco em relação ao Australian Ballet – quem não entende muito de dança pode ter ‘boiado’ um pouco.

Plies
Pliés na barra

Quem ministrou a aula foi, mais uma vez, Olga Evreinoff, professora e ensaísta convidada da companhia. Ela é BEM exigente com as terminações dos passos, direções e posições bem marcadas. Achei o nível bem alto, em especial no centro com as piruetas e centro prático. É uma aula bem técnica, pra quem quer se aperfeiçoar – e não apenas ‘aquecer’ para os ensaios.

Contei quatro principais: Marianela Nuñez, Lauren Cuthbertson e os recém-promovidos Matthew Ball e Yasmine Naghdi (Viu mais algum? Coloca nos comentários!). Aliás, palmas para Naghdi, que bailarina LIMPA! E é uma das poucas que ‘dança’ durante a execução dos passos, tanto no centro como na barra.

Joseph Sissens em Jojo
Joseph Sissens ensaia ‘Jojo’

Como são MUITOS ensaios, vou apenas aos que achei mais legais: gostei muito de Jojo, uma coreografia de Charlotte Edmonds dançada por Joseph Sissens. Aliás, vale a pena destacar o investimento do Royal Ballet em coreógrafas mulheres – bandeira levantada pelo English National Ballet há pelo menos dois anos.

Charlotte é uma coreógrafa promissora e Jojo foi um dos solos mais bonitos, fluidos e gostosos de assistir que eu vi nesses últimos anos. Adorei a forma como ela misturou tendências neoclássicas, passos casuais e movimentos clássicos, e a escolha da música deu um tom diferente. Ponto alto para Sissens, que desenvoltura e controle!

Marianela e Thiago em Winter Dreams
Marianela e Thiago com Kevin O’Hare, diretor artístico do Royal

Outro ensaio que gostei demais foi Winter Dreams, com o ex-casal Marianela Nuñez e Thiago Soares. Essa é a primeira vez que vejo um ensaio deles desde que eles se separaram, embora eles tenham dançado juntos mais vezes. É bem legal ver que eles continuam com uma química muito boa enquanto partners, dá pra ver que eles se ‘entendem’ bem enquanto colegas. Muito legal!

Marianela é uma das maiores bailarinas do mundo, isso fica inegável nesse ensaio. E é bonito ver o quanto de coração ela “despeja” na dança, mesmo que fora do palco. Ainda acho que ela carrega um pouco na expressividade em alguns papeis, mas aqui essa dosagem foi perfeita.

Achei Thiago um pouco ‘contido’ no ensaio, não sei se ele está voltando de lesão ou se ele preferiu se poupar um pouco (às vezes acontece, você não tá naquele dia melhor de giros, perna alta, etc). Mesmo assim, dá pra ver por quê ele é um dos primeiros bailarinos do Royal.

Sarah e Steven em Mayerling
Sarah Lamb e Steven McRae em Mayerling

Outro ensaio que foi ponto alto da transmissão foi Mayerling, com Steven McRae, Laura Morera e Sarah Lamb; o ruivo como o príncipe Rudolf, Laura como a princesa Stephanie e Sarah como a baronesa Mary Vetsera.

Enquanto o primeiro pas de deux, com Laura e McRae, é de uma frieza enorme por parte do príncipe e de desespero por parte da princesa, o segundo, entre o príncipe e sua amante, é só desejo. É impressionante como McRae consegue mudar tão completamente e de forma tão rápida, como se fosse um sentimento dele próprio. Sarah Lamb não é nem de longe uma das minhas bailarinas preferidas, mas a química que ela tem com McRae é incrível: eles dois, juntos, conseguem tirar e promover o melhor do outro.

Laura e Steven
Laura Morera e McRae

Nas entrevistas eles falam bem as paixões dos personagens, e como isso é importante de passar.  “É o tipo de ballet que, por mais que você ensaie e estude o personagem, cada vez que você sobe no palco é diferente. A mecânica dos passos a gente discute e espera que aconteça, mas é sempre único”, ele disse logo depois de ensaiar com Sarah.

E ele falou, também, que cada vez que ele estuda o Rudolf, a sensação é outra. “Tudo depende de como eu sinto o personagem, isso influencia diretamente em como eu lido com Sarah, com minhas colegas. É um papel dos sonhos”.

Laura ainda falou sobre os personagens serem reais, terem realmente vivido. E que isso, claro, não é a mesma coisa que interpretar personagens de contos de fadas.

“É diferente porque você pode estudar, socialmente, onde essas pessoas viveram. Mas do jeito que Macmillan criou o ballet não é exatamente como a história, então é preciso dosar um pouco”.

Mayara Magri
Tem ensaio de Mayara Magri, solista brasileira

Ainda tem muito mais coisa na transmissão: novas produções, ensaio da escola… Vale a pena ver tudo!

Não leu nossa resenha do Australian Ballet? Clique aqui.

Fotos:

Link para a transmissão:

World Ballet Day 2018 – Australian Ballet

WorldBalletDay

Outubro chegou e, para quem vive no meio da dança, isso significa duas coisas: temporada de ensaio (vem, festival!) e, claro, o World Ballet Day! Essa transmissão que contempla cinco das maiores companhias de dança do mundo já se tornou tradição.

E, desde 2015, a gente acompanha tudinho e deixa aqui nosso registro!

(Quer ver nossos arquivos? Clique aqui para 2015, aqui para 2016 e aqui para 2017).

Tegan e David
Apresentação foi criticada por internautas. (Foto: Reprodução)

Como em todos os anos, o Australian Ballet faz a abertura da transmissão. Muita gente criticou a participação da apresentadora, Tegan Higginbothan, e dos profissionais que comentavam a transmissão com ela (na aula, foi David McAllister, diretor artístico da companhia, enquanto nos ensaios foi o bailarino Jarryd Madden, artista sênior).

Realmente teve muita conversa, muitas curiosidades e bastante explicação na parte do Australian. Mas eu, sinceramente, não me senti incomodada. Acho legal que esse evento seja atraente tanto para quem não entende muito de ballet (passo, logística, a hierarquia das companhias) quanto pra quem já manja da coisa. Saí mais culta!

A aula foi ministrada por Fiona Tonkin, “coach” principal do Australian. Babei nas demonstrações dos passos! Que pés lindos, que limpeza nos movimentos! Um arraso. E não é para menos: Fiona foi primeira bailarina da companhia e está aposentada dos palcos desde 1993. Ela e David, aliás, dançaram juntos! Quer ver? Tem um vídeo aqui!

Fiona Tonkin
Fiona Tonkin, senhoras e senhores! (Foto: Reprodução)

A aula dela é muito, muito técnica. Na barra, muitos tendues e exercícios de aquecimento da musculatura interna da coxa. Ela pede um atenção nas posições, especialmente em passagens no passo (por exemplo, marcar bem a primeira posição no ronde de jambe) e sobretudo agilidade no fechamento das quintas.

No centro, mais do mesmo. São vários passos no centro prático, com tendues, mudança de direção e transferência de peso. A transição para as piruetas é suave: primeiro um relevé, depois uma pirueta simples e só depois duplas e triplas. Achei interessante!

O adagio é beeeeeeem difícil! Muita transferência de peso e promenade. Até Jarryd reclamou… Os allegros tinham muitas baterias e combinações mais complexas. Achei os grandes saltos a parte mais difícil da aula! Mas, em compensação, o pessoal saiu ‘prontinho’ pros ensaios!

Adagio no centro
O adagio da morte! (Foto: Reprodução)

Falando em ensaios…

O primeiro ganhou meu coração com bondade: a ‘visão’, do segundo ato d’A Bela Adormecida, parte um pouco ‘desconhecida’ desse clássico. E gostei ainda mais porque Amy Harris, uma das minhas bailarinas preferidas do Australian Ballet – recentemente promovida a artista principal – interpretava a Fada Lilás. Robyn Hendricks e Ty King Wall eram Aurora e Désiré, respectivamente.

A Bela Adormecida
Ensaio d’A Bela Adormecida (Foto: Reprodução)

A parte alta foi ver a limpeza do corpo de baile a as orientações da répetiteur Elizabeth Toohey. Tudo mi-li-me-tri-ca-men-te inspecionado. Boas dicas para quem ensaia ou faz parte de corpo de baile!

Tivemos ensaios de Cinderella, Coppélia, Giselle e Aurum, coreografia de Alice Topp que faz parte um projeto contemporâneo, Verve, que reúne trabalhos de profissionais australianos. Achei a coreografia maravilhosa, em especial o duo de Coco Mathieson e Adam Bull.

Contemporâneo
Coco Mathieson e Adam Bull em Aurum, de Alice Topp (Foto: Reprodução)

O último ensaio foi Spartacus. Confesso que esse não é, nem de longe, meu ballet preferido. Mas adorei a dinâmica e a entrega dos bailarinos. A química entre Robin e Kevin Jackson é incrível!

E o ensaio da cena de luta é bem divertido… Vale a pena conferir!

No final, fiquei triste de não ver Lana Jones, outra bailarina do Australian Ballet que adoro. Mas fiquei feliz em ver que ela vai dançar Sylvia, ballet que está na programação de 2019 da companhia. Agora é aguardar a produção!

Veja a participação do Australian Ballet aqui:

Galeria de fotos:

World Ballet Day 2017: Royal Ballet parte 1

Assim como aconteceu no ano passado, não conseguimos respeitar a ordem cronológica do #WorldBalletDay nas nossas postagens porque o Bolshoi demora um pouquinho mais que as outras companhias para disponibilizar o vídeo da transmissão em seu site oficial. Mas assim que isso acontecer vamos resenhar essa que é uma das maiores fábricas de talento do mundo da dança!

Vamos então ao Royal Ballet, uma companhia que já se firmou entre as melhores do mundo e que passa, nos últimos anos, por uma reformulação no quadro de bailarinos solistas e principais.

Royal Ballet
Alexander Campbell, da sala de aula para a TV! (Fotos do YouTube)

Uma coisa que achei bem legal foi, neste ano, chamar o principal Alexander Campbell – além da principal character Kristen McNally (que já tinha participado no ano passado) – para ajudar na apresentação.

Um insight: Na transmissão de 2015, Campbell ensaiou com Yuhui Choe o pas de deux Two Pigeons. E já acompanhamos um ensaio de Kristen aqui, em que ela aprendia com Monica Mason a se tornar a Carabosse d’A Bela Adormecida.

Juntos, os dois conseguem trazer a perspectiva dos bailarinos em atividade para as filmagens. Ponto para o ballet da rainha!

A aula da professora convidada Olga Evreinoff é daquelas bem gostosinhas de fazer: super simples, pra gente ir amaciando e aquecendo a musculatura e ir forçando aos poucos. Na barra, muitos tendues com velocidade crescente para ‘ligar’ os tendões e treinar bastante a passagem do pé no chão na hora das fechadas em quinta.

Royal Ballet
Muitos tendues na barra! (Foto: Reprodução/ YouTube)

A sequência era sempre bem facilzinha de gravar. Algo que achei bem legal foi ela sugerir fazer rises na meia ponta após o grand battement, aproveitando que a musculatura já estava super aquecida, para ajudar os passos no centro. Haja panturrilha!

No centro, alguns velhos conhecidos apareceram para nosso deleite! O ruivíssimo Steven McRae,  Vadim Muntagirov, Sarah Lamb e Laura Morera fecham o time dos principais. Temos ainda presença brasileira na aula, com Leticia Dias (de calça vermelha colorida na barra do centro) e Leticia Stock (de collant rosa).

royal17
Marianela sentida por não participar ao vivo da transmissão neste ano

Dessa vez não tivemos a participação ao vivo Marianela Núñez, que estava em apresentação especial no Teatro Colón, na Argentina – sua terra natal. Para sua presença não passar em branco, a diva gravou um videozinho para os fãs. Achamos fofo!

Nessa primeira parte temos também alguns ensaios. O primeiro deles é The Dreamers Ever Leave You, com Alexander Campbell deixando o microfone de lado para ensaiar com as novas principais (e duas das principais estrelas em ascensão do Royal) Francesca Hayward, e Yasmine Naghdi, e também com o principal Ryoichi Hirano. Quem conduziu foi o assistente de coreografia Johannes Stepanek.

Ensaio Dreamers
Alexander Campbell volta à sala de aula com Francesca Hayward

Depois de uma breve e deliciosa participação do English National Ballet (como não amar uma companhia que reúne Tamara Rojo como principal E diretora artística, Alina Cojocaru e Cesar Corrales?), voltamos ao Covent Garden com ensaios de As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, um dos repertórios mais criativos e lúdicos da companhia nos últimos anos.

A primeira parte do Royal encerra com a participação especial do Scottish Ballet e do Royal Ballet School!

Veja a primeira parte da transmissão aqui:

 

Mais fotos na galeria:

 

Veja mais da nossa cobertura do World Ballet Day 2017:

Australian Ballet

Nosso acervo:

World Ballet Day 2016

World Ballet Day 2015

#TutuTuesday colorida

English version? Click here!

Na terça-feira passada, buscando fotos para colocar nas redes sociais para a #TutuTuesday, me deparei com a imagem de uma mini bailarina que, na postagem de sua mãe orgulhosa, perguntava se tinha dançado tão bem quanto Misty Copeland.

Ava ballerina
A pequena Ava após sua primeira apresentação (Foto: Reprodução)

E sim, essa menina, a pequena Ava Elyse Johnson, de seis anos, é negra – que nem Misty Copeland. O que, infelizmente, ainda é algo fora do comum quando se trata de ballet. Talvez por isso a foto tenha me chamado a atenção – uma garotinha negra se espelhando em uma grande bailarina, também negra. E toda a conversa sobre representatividade (que a gente volta e meia fala aqui no blog) voltou a fazer sentido.

Falei com a mãe dela, Chrysanthé, e ela topou me contar um pouquinho de como Ava se apaixonou pela dança, e se os palcos um pouco mais coloridos tiveram alguma influência nisso. Para dar um contexto, Ava e sua família são dos Estados Unidos, moram na Filadélfia e têm laços fortes com a igreja – nos EUA, assim como em algumas igrejas aqui no Brasil, é comum ter oficinas de artes para a comunidade. Muitos talentos são revelados justamente em corais ou grupos de dança.

Misty Copeland como Odette. Foto: Reprodução/ The Guardian
Misty Copeland como Odette. Foto: Reprodução/ The Guardian

“Percebemos desde quando Ava era muito pequena que ela era uma dançarina nata. Ela começou a mostrar potencial para ser bailarina e atleta desde os dois anos de idade. Se você passar mais do que cinco minutos com ela vai vê-la andando e girando na pontinha do pé. Nunca com a sola no chão (risos). Me senti na obrigação de matriculá-la  numa escola de ballet assim que ela chegou à idade mínima”, disse.

A escolha dessa escola de dança foi bastante meticulosa, segundo Chrysanthé. Ela disse que, já que a família passa boa parte do tempo em ambientes em que são minoria, era importante para ela que Ava pudesse se desenvolver artisticamente com crianças que se parecessem com ela. A eleita foi a Philadanco!, uma academia com uma diversidade étnica muito interessante e que também conta com uma companhia. Vale a pena dar uma olhadinha no site!

Claro que a formação dos pais também tem um impacto direto na formação dos filhos, e, no caso de Ava, isso foi bem positivo. Chrysanthé disse que dançou quando mais nova, embora não ballet clássico (ela dançava ritmos Afro-Caribenhos) e comentou que o gene do atletismo corria solto na família. Ou seja, era uma questão de tempo para Ava se interessar por alguma atividade.

Alison Stroming
Alison Stroming (Foto: John F Cooper)

Mas o interesse dos pais na formação artística dos filhos não para aí: é importante você ter modelos para se apresentar aos pequenos. E isso é um pouquinho mais complicado, especialmente quando falamos em representatividade.

A criança quer se identificar com seus ídolos. No ballet, mais especificamente, até pouquíssimo tempo atrás não existiam bailarinos e bailarinas negros com papeis principais nas grandes companhias internacionais. E agora, com uma nova geração de estrelas, como Misty Copeland, Michaela DePrince, Precious Adams,  e as brasileiras Ingrid Silva e Alison Stroming, isso está começando a mudar.

“Acho que essas bailarinas estão tornando o caminho mais fácil para nós. Elas estão inspirando jovens bailarinas, como minha filha, a ser quem elas são mesmo quando o mundo tenta negar isso a elas. E elas estão quebrando barreiras de uma forma que fica difícil para elas e tantas outras bailarinas negras passarem desapercebidas pela mídia comercial americana e o mundo do ballet”.

Claro que essa representatividade ainda é muito pequena, que existe racismo nas companhias e que a desproporção entre negros e brancos no ballet ainda é gigantesca. Mas já está rendendo frutos – como Ava, por exemplo. Ainda assim, perguntei a Crysanthé o que podemos fazer para acelerar esse processo.

“Temos que continuar expondo nossos filhos a esses artistas e falando sobre eles na mesa de jantar, consumindo seus produtos, guardar dinheiro para apresentações ao vivo sempre que possível… Não podemos quebrar barreiras se nos limitarmos a fazer o que a sociedade associa com raça e gênero. Somos capazes de muito mais e é importante que nossos filhos vejam isso”.

Vídeo da Semana #29!!

Para quem adorou nossa resenha sobre o espetáculo “O Quebra-Nozes” do Russian State Ballet (que você pode conferir clicando aqui), aí vai mais uma enxurrada desse espetáculo MA-RA-VI-LHO-SO para vocês!!!!!!!

Hoje, vamos apresentar uma achado bem despretensioso do nosso blogueiro Felipe Souza. Como ele assiste vários vídeos de ballet clássico pelo YouTube, o site recomenda vídeos de categoria similar. Com isso, ele achou esse documentário da BBC sobre os bastidores da produção do Royal Ballet, que leva o nome de Behind the Nutcracker by the Royal Ballet.

Quebra-Nozes
Quebra-Nozes enfileirados (Foto: Reprodução / Behind The Nutcracker)

Nele, acompanhamos alguns dos bailarinos que vão ajudar a compor essa aura de magia e dança que acompanha toda a obra. A belíssima Francesca Hayward, como sua primeira Fada Açucarada junto ao seu príncipe mais experiente, Alexander Campbell, a estudante da Royal Ballet School Nadia tendo sua oportunidade como floco de neve em sua primeira coreografia de corpo de baile da cia, e o pequeno Thomas, também estudante da escola do Royal, tentando seu papel como o coelho baterista.

Francesca Hayward e Alexander Campbell
Francesca e Alexander passam o grand pas de deux pela primeira vez (Foto: Reprodução)

Assim como na sua escola de dança, gente boa que consegue os papéis e que não consegue, e é interessante ver como isso acontece dentro das companhias profissionais também.

E, assim como na sua escola – embora que em proporções diferentes – dá para acompanhar a evolução dos bailarinos, das coreografias e da própria montagem do espetáculo ao longo do documentário. Ou seja: assistir vale SUPER a pena!

Confira a galeria que fizemos:

Quer ver mais #videodasemana? Clique aqui!

O que achamos de O Quebra-Nozes do Russian State Ballet

Prometemos que teria resenha, não foi? Pois então: assistimos à estreia da nova turnê do Russian State Ballet nessa temporada, que foi com a primeira montagem de O Quebra-Nozes no Brasil, que aconteceu no Teatro Castro Alves, em Salvador.

Como a gente assistiu à passagem deles por aqui no ano passado, pudemos ver bem a diferença das duas apresentações. Menção honrosa para Elizaveta Lobacheva, nossa Clara, que arrasou demais!

Para começar, essa produção foi bem amarradinha. O cenário e os figurinos eram, em geral, simples, mas bem bonitos. Notamos que algumas músicas foram editadas, mas só porque conhecemos a obra de trás pra frente! Os cortes foram bem feitos e não comprometeram em nada a montagem.

Primeiro ato

Os ‘adultos’ do Natal em família roubaram a cena. As danças foram lindas, super bem ensaiadas, e nesse momento os russos abusaram no que têm de melhor: os port de bras! Muito braço bonito, carão e pé esticado. Arrasaram!

Vou ser sincera: não gosto muito de adulto fazendo papel de criança – talvez por isso minha montagem d’O Quebra-Nozes preferida seja de Balanchine – mas achei que os bailarinos ‘incorporaram’ bem os pequenos. A parte das crianças e dos solistas foi bem leve, uma graça! E respirei aliviada quando vi que o quebra-nozes enquanto soldadinho não era uma criança (como na produção do Bolshoi), mas o próprio bailarino que vira príncipe depois. Muito melhor!

O que sentimos falta: a árvore não sobe quando Clara começa a sonhar! Ficamos um pouco frustrados, não tem como negar. A luta dos soldadinhos com os ratos também poderia ter sido melhor. Estava muito bem ensaiada, mas parecia que os bailarinos estavam mais preocupados em executar os passos do que interpretar.

Pas de Deux O quebra-Nozes
Grand pas de deux d’O Qubra-Nozes (Foto: Reprodução/ Ballet da Rússia)

Segundo ato

Se a Clara já estava roubando a cena no primeiro ato, ela se apropriou do espetáculo no segundo. A melhor parte, disparadamente, foi o grand pas de deux entre Clara (essa versão não tem Fada Açucarada) e o príncipe. Elizaveta mostrou muita técnica e leveza no pas de deux e na variação, que é super difícil e precisa de muita musicalidade. Tirou de letra!

O bailarino, Sergei, também é muito bom, o que fez desse par protagonista um acerto enorme. Ele girou SUPER bem, mesmo com máscara de soldadinho (já mereceu meu respeito), esticou os pés nos saltos (sempre um plus!) e foi muito expressivo.

O foco do Russian State Ballet realmente é com os solistas: eles foram a melhor parte do ballet como um todo. Com uma ou outra exceção, os solos estavam super bem ensaiados (especialmente os mirlitons, a dança chinesa, a valsa das flores e a dança árabe) e casaram super bem com os bailarinos escolhidos. Achamos que os flocos de neve, a principal dança de corpo de baile, deixou a desejar um pouquinho.

Dica para quem gostou da resenha e se interessou em assistir: não fique tirando fotos ou gravando o espetáculo. É muito chato, além de proibido, e desconcentra os bailarinos. Teve gente do nosso lado fazendo foto com flash! Melhor se preocupar em assistir ao espetáculo do que ficar documentando, né?

Segue agenda d’O Quebra-Nozes do Russian State Ballet (sujeita a mudanças!):

26/04 (quarta-feira): Rio de Janeiro (RJ), no Oi Casagrande. Ingressos à venda no site. Preço: R$ 300 (inteira), R$ 150 (meia) e R$ 80 (até 14 anos)

28/04 (sexta-feira): Ribeirão Preto (SP), no Theatro Pedro II, às 20h. Ingressos à venda no site ou no Ingresso Rápido. Preço: R$ 300 (inteira), R$ 150 (meia) e R$ 80 (até 14 anos)

30/04 (domingo) – São Paulo (SP), no Tom Brasil. Ingressos à venda no site e no Ingresso Rápido. Preço: R$ 300 (inteira), R$ 150 (meia) e R$ 80 (até 14 anos)

02/05 (terça-feira) – Campinas (SP), no Teatro Iguatemi. Ingressos à venda no site e no Ingresso Rápido. Preço: R$ 300 (inteira), R$ 150 (meia) e R$ 80 (até 14 anos)

04/05 (quinta-feira) – Belo Horizonte (MG), no teatro Palácio das Artes às 21h. Ingressos à venda no Ingresso Rápido

07/05 (domingo)  – Brasília (DF), teatro ainda a definir. Ingressos à venda no site. Preço: R$ 300 (inteira), R$ 150 (meia) e R$ 80 (até 14 anos)

09/05 (terça-feira) – Curitiba (PR), teatro ainda a definir. Ingressos à venda no site. Preço: R$ 300 (inteira), R$ 150 (meia) e R$ 80 (até 14 anos)

11 e 12/05  (quinta e sexta-feira) – Porto Alegre (RS), no Salão de Atos da UFRGS às 20h. Ingressos à venda no site e no Ingresso Rápido. Preço: R$ 300 (inteira), R$ 150 (meia) e R$ 80 (até 14 anos)

13 e 14/05 (sábado e domingo) – Florianópolis (SC), teatro ainda a definir. Ingressos à venda no site. Preço: R$ 300 (inteira), R$ 150 (meia) e R$ 80 (até 14 anos)

18/05 (quinta-feira) – Paulínia (SP), no Theatro Municipal de Paulínia às 20h. Ingressos à venda no Ingresso Rápido. Preço: R$ 300 (inteira) e R$ 150 (meia)

27/05 (sábado) – Recife (PE), teatro ainda a definir. Ingressos à venda no site. Preço: R$ 300 (inteira), R$ 150 (meia) e R$ 80 (até 14 anos)

28/05 (domingo) – Maceió (AL), teatro ainda a definir. Ingressos à venda no site. Preço: R$ 300 (inteira), R$ 150 (meia) e R$ 80 (até 14 anos)

29/05 (segunda-feira) Natal (RN), teatro ainda a definir. Ingressos à venda no site. Preço: R$ 300 (inteira), R$ 150 (meia) e R$ 80 (até 14 anos)

30/05 – (terça-feira) – João Pessoa (PB), teatro ainda a definir. Ingressos à venda no site. Preço: R$ 300 (inteira), R$ 150 (meia) e R$ 80 (até 14 anos)

31/05 (quarta-feira) – Fortaleza (CE), teatro ainda a definir. Ingressos à venda no site. Preço: R$ 300 (inteira), R$ 150 (meia) e R$ 80 (até 14 anos)

Informações aqui ou no WhatsApp (11) 981817623

Márcia Jaqueline deixa TMRJ e vai para austríaco Salzburg Ballet

Após 20 anos como bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, dez deles como primeira bailarina, Márcia Jaqueline aceitou a proposta do Salzburg Ballet, na Áustria, e vai deixar o Brasil para abraçar essa nova oportunidade.
A gente fica com o coração meio apertadinho ao ver mais uma estrela brasileira precisando sair do país para brilhar, mas felizes em ver que nossos artistas vão crescer e levar mais beleza para outros lugares do mundo!
Confira abaixo a despedida que a bailarina fez em suas redes sociais:

“Há exatamente 20 anos, com apenas 14 anos, ingressei ao Corpo de Baile do Teatro Municipal, onde sou Primeira Bailarina desde 2007. Sempre sonhei em fazer a minha carreira nessa casa que tanto amo, nunca pensei em ir embora. No entanto, na triste situação que nos encontramos, não posso desanimar. Preciso continuar minha caminhada e alçar novos vôos… Fui convidada a fazer parte do Ballet do Teatro de Salzburg na Áustria. Uma grande oportunidade nesse momento da minha carreira de dançar ballets criados especialmente pra mim. Isso não é um adeus, é apenas um até logo… O bom filho sempre retorna à sua casa!!!

Talvez não existam palavras suficientes e significativas que exprimam minha gratidão a algumas pessoas que, como verdadeiros anjos, me ajudaram ao longo da minha vida. Gostaria de agradecer primeiramente a Deus pelo dom que me deu, minha família, em especial meus pais Lizie Xavier Araújo e Manoel, meu marido Guilherme Tomaselli Gomes, minha primeira professora Vania Reis, a Escola de Danças Maria Olenewa, em especial Tia Regina e Tia Amelinha ( in memoriam ), Tia Edy e Marialuisa Noronha, meus amigos do Theatro Municipal, a todos os diretores e ensaiadores com quem tive a honra de trabalhar durante esses anos, a Ana Botafogo e Cecília Kerche que tiveram a generosidade e sensibilidade de me apoiar nesse momento, ao grande amigo Reginaldo Oliveira,que nesse momento me convida para partilhar esse grande projeto na Áustria!!
E para finalizar , minha reverência e gratidão ao público que sempre me recebeu com tanto carinho.

Até Breve!”

Motivos para assistir: Romeu e Julieta!

Depois de muito tempo longe das resenhas, eis que o Oito Tempos volta a fazer uma das coisas que mais gosta: compartilhar análises sobre obras que assistimos! Dessa vez, assisti Romeu e Julieta do ballet La Scala com Roberto Bolle e Misty Copeland nos papeis principais. Foi uma experiência tão envolvente que resolvi colocar aqui, num formato novo, os motivos que me levaram a amar essa produção e colocá-la na minha lista (longa, verdade!) de montagens favoritas. Vamos lá!

 

Primeiro encontro de Romeu e Julieta (Foto: Reprodução)
Primeiro encontro de Romeu e Julieta (Foto: Reprodução)

1.Misty Copeland e Roberto Bolle como principais

Nós aqui do blog já amamos o Roberto Bolle como solista, pois ele é aquele tipo que toma toda a atenção para si e você praticamente nem olha para quem tá do lado dele, não é verdade? Agora, quando essa outra pessoa é a Misty Copeland, ficamos divididos e apaixonados em cena pelos dois. Primeiramente, a química deles no palco é incrível!! Eles incorporam os personagens de uma maneira muito real e que convence (de verdade!). Minha grande e maravilhosa surpresa foi ter visto pela primeira vez a Misty em um ballet completo, e uma técnica impecável que só foi valorizada ainda mais pelo partner.

2. A música de Sergei Prokofiev

Com certeza é o que há de mais importante nesse ballet. A música basicamente dita o tom de toda a produção e casa bem com todas as cenas que correspondem a ela. É o tipo que arrepia nos primeiros movimentos dos violinos e entra nos ouvidos de maneira agradável e marcante ao mesmo tempo.

O pas de deux mais emocionante! (Foto: Reprodução)
O pas de deux mais emocionante! (Foto: Reprodução)

3. Pas de deux do balcão ❤

Esse com certeza absoluta é o momento coreográfico clímax de todo o espetáculo. Todo o sentimento dos personagens aparece em forma de uma coreografia muito técnica e, ao mesmo tempo, sentimental e envolvente. Aí que a química deles fica em evidência total, e a gente até se questiona se os bailarinos sentem alguma coisa um pelo outro! Dá para, literalmente, se sentir transportado para aquele momento de amor do jovem casal!!

 

4. Conjunto da obra

Figurino com cores vibrantes e alegres, cenário histórico que nos leva diretamente à Verona do século XVI, atuações fantásticas do corpo de baile que compõem as cenas, música, protagonistas… Enfim, os motivos para você assistir ao ballet são muitos!

Figurino do corpo de baile também tem seu lugar!
Figurino do corpo de baile também tem seu lugar!

 

Se ficou interessado, clique aqui para baixar diretamente do nosso blog parceiro, Videos de Ballet Clássico.

Mais fotos aqui!

 

 

Vídeo da semana ESPECIAL Prix de Lausanne

Acabei não falando nadinha sobre o Prix de Lausanne, que começou nessa semana e terá as finais nesse sábado (4 de fevereiro). São 70 jovens candidatos da América do Sul, do Norte, da Ásia e da Austrália brigando por um lugar ao sol – ou um bom contrato! – na competição que há 45 anos é realizada na Suíça.

Esse é um dos principais concursos de dança do mundo, e que promove talentos incríveis (como as brasileiras Priscilla Yokoi Mayara Magri, hoje solista do Royal Ballet, o brasileiro Marcelo Gomes, hoje principal do American Ballet Theatre, e a maravilhosa Precious Adams, que arrasou e quebrou paradigmas em 2014). Mas, para mim, a melhor parte é a das aulas conjuntas e do treinamento individual que esses bailarinos e bailarinas em potencial recebem ao longo da competição.

Ao todo, são nove jurados avaliando os 70 candidatos em todos os sete dias. E absolutamente tudo é levado em conta: como eles rendem em sala, a dedicação, a forma como lidam com críticas, com dificuldades – o próprio palco do teatro é uma grande, pois tem uma leve inclinação para que os jurados façam uma boa avaliação.

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As brasileiras Anne Jullieth e Rafaela Henrique (Foto: Prix de Lausanne / Facebook)

Mas o mais importante é mostrar evolução até a apresentação final, e, claro, impressionar os jurados.

Por isso que escolhi não, um, mas três vídeos para hoje! Todos são compilações das aulas e dos ensaios da competição deste ano. Dessa forma você pode avaliar tudinho para acompanhar as finais devidamente informad@ e torcer para os nossos brasileiros Rafaela Henrique, Marina Fernanda da Costa Duarte e Denilson Almeida, que foram selecionados  entre os 20 semifinalistas. Boa sorte!

E nossos parabéns a  Anne Jullieth Pinheiro, Erivan Rodrigues,  Jônatas Itaparica, e Rafael Pereira de Oliveira por terem chegado ao Top 70!

Aliás, para assistir ao vivo basta acessar o site oficial do Prix de Lausanne.

Dia 1

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Dois bons motivos para aguardar “Red Sparrow”!

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Isabella Boylston e Sergei Polunin ensaiando (Foto: reprodução do instagram)

Não é de agora que grandes bailarinos e bailarinas se aventuram pelo cinema – que o digam Mikhail Baryshnikov, que estrelou “O Sol Da Meia-Noite”, e Ethan Stiefel e Julie Kent no queridinho “Center Stage – Sob A Luz da Fama”. Neste ano, a grande atração é Sergei Polunin, que está não com um, mas DOIS filmes em andamento.

Um deles, o mais aguardado, é o Red Sparrow. É ambientado na Rússia dos anos de hoje, e é sobre uma bailarina que é forçada a trabalhar para a CIA. Claro que ela tem um partner (oi, Sergei!) e dança muito enquanto trava suas batalhas emocionais. Quer mais? No filme tem estrelas de peso, como Jennifer Lawrence (a bailarina), Joel Edgerton e Jeremy Irons. Mas tem mais um motivo para a gente querer que 17 de novembro (data em que a estreia está prevista) chegue logo: a dublê de corpo de Jennifer será ninguém menos do que Isabella Boyslton, primeira-bailarina do American Ballet Theatre. Já pode morrer por antecipação?

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Isabella em Budapeste (Reprodução do instagram)

Calma, porque se você tá surtando agora, ainda tem mais! A coreografia é de Justin Peck, um dos jovens coreógrafos mais aclamados dos dias atuais, e as cenas abertas se passam em Budapeste, em Praga. Pra quem tá doido pra saber mais sobre a produção, tem mais informações na página do IMDB do filme, e tanto Isabella como Polunin volta e meia publicam partes de filmagens ou ensaios da produção em @isabellaboylston e @sergeipolunin.dancer.

O outro filme em que Polunin está trabalhando se chama “O Assassinato no Expresso Oriente”, e também conta com nomes de peso, como Michelle Pfeiffer, Johnny Depp e Penélope Cruz. Além disso, um outro longa em que ele atua, “Dancer”, tem estreia prevista para 2 de março nos Estados Unidos e Europa!

Informações: Pointe Magazine