World Ballet Day 2018 – Royal Ballet

Vadim e Osipova como Solor e Gamzatti
Natalia Osipova e Vadim Muntagirov ensaiam La Bayadère (Fotos: Reprodução)

O Royal Ballet fez uma das suas transmissões mais ‘cheias’ desde que o #WorldBalletDay começou, há quatro anos (nós acompanhamos desde 2015, quando lançamos o blog!).  Além da aula, a transmissão cobre sete ensaios (ainda que alguns sejam poucos minutos), uma aula da escola, entrevistas e vídeos de companhias parceiras, como o Royal Birmingham Ballet, English National Ballet e Scottish Ballet. Haja conteúdo!

A apresentação ficou por conta da principal character Kirsten McNally e principal Alexander Campbell, como no ano passado. É bem legal quando integrantes da companhia estão na apresentação porque os comentários são de gente que vive o dia a dia do ballet. Mas achei que eles interagiram pouco em relação ao Australian Ballet – quem não entende muito de dança pode ter ‘boiado’ um pouco.

Plies
Pliés na barra

Quem ministrou a aula foi, mais uma vez, Olga Evreinoff, professora e ensaísta convidada da companhia. Ela é BEM exigente com as terminações dos passos, direções e posições bem marcadas. Achei o nível bem alto, em especial no centro com as piruetas e centro prático. É uma aula bem técnica, pra quem quer se aperfeiçoar – e não apenas ‘aquecer’ para os ensaios.

Contei quatro principais: Marianela Nuñez, Lauren Cuthbertson e os recém-promovidos Matthew Ball e Yasmine Naghdi (Viu mais algum? Coloca nos comentários!). Aliás, palmas para Naghdi, que bailarina LIMPA! E é uma das poucas que ‘dança’ durante a execução dos passos, tanto no centro como na barra.

Joseph Sissens em Jojo
Joseph Sissens ensaia ‘Jojo’

Como são MUITOS ensaios, vou apenas aos que achei mais legais: gostei muito de Jojo, uma coreografia de Charlotte Edmonds dançada por Joseph Sissens. Aliás, vale a pena destacar o investimento do Royal Ballet em coreógrafas mulheres – bandeira levantada pelo English National Ballet há pelo menos dois anos.

Charlotte é uma coreógrafa promissora e Jojo foi um dos solos mais bonitos, fluidos e gostosos de assistir que eu vi nesses últimos anos. Adorei a forma como ela misturou tendências neoclássicas, passos casuais e movimentos clássicos, e a escolha da música deu um tom diferente. Ponto alto para Sissens, que desenvoltura e controle!

Marianela e Thiago em Winter Dreams
Marianela e Thiago com Kevin O’Hare, diretor artístico do Royal

Outro ensaio que gostei demais foi Winter Dreams, com o ex-casal Marianela Nuñez e Thiago Soares. Essa é a primeira vez que vejo um ensaio deles desde que eles se separaram, embora eles tenham dançado juntos mais vezes. É bem legal ver que eles continuam com uma química muito boa enquanto partners, dá pra ver que eles se ‘entendem’ bem enquanto colegas. Muito legal!

Marianela é uma das maiores bailarinas do mundo, isso fica inegável nesse ensaio. E é bonito ver o quanto de coração ela “despeja” na dança, mesmo que fora do palco. Ainda acho que ela carrega um pouco na expressividade em alguns papeis, mas aqui essa dosagem foi perfeita.

Achei Thiago um pouco ‘contido’ no ensaio, não sei se ele está voltando de lesão ou se ele preferiu se poupar um pouco (às vezes acontece, você não tá naquele dia melhor de giros, perna alta, etc). Mesmo assim, dá pra ver por quê ele é um dos primeiros bailarinos do Royal.

Sarah e Steven em Mayerling
Sarah Lamb e Steven McRae em Mayerling

Outro ensaio que foi ponto alto da transmissão foi Mayerling, com Steven McRae, Laura Morera e Sarah Lamb; o ruivo como o príncipe Rudolf, Laura como a princesa Stephanie e Sarah como a baronesa Mary Vetsera.

Enquanto o primeiro pas de deux, com Laura e McRae, é de uma frieza enorme por parte do príncipe e de desespero por parte da princesa, o segundo, entre o príncipe e sua amante, é só desejo. É impressionante como McRae consegue mudar tão completamente e de forma tão rápida, como se fosse um sentimento dele próprio. Sarah Lamb não é nem de longe uma das minhas bailarinas preferidas, mas a química que ela tem com McRae é incrível: eles dois, juntos, conseguem tirar e promover o melhor do outro.

Laura e Steven
Laura Morera e McRae

Nas entrevistas eles falam bem as paixões dos personagens, e como isso é importante de passar.  “É o tipo de ballet que, por mais que você ensaie e estude o personagem, cada vez que você sobe no palco é diferente. A mecânica dos passos a gente discute e espera que aconteça, mas é sempre único”, ele disse logo depois de ensaiar com Sarah.

E ele falou, também, que cada vez que ele estuda o Rudolf, a sensação é outra. “Tudo depende de como eu sinto o personagem, isso influencia diretamente em como eu lido com Sarah, com minhas colegas. É um papel dos sonhos”.

Laura ainda falou sobre os personagens serem reais, terem realmente vivido. E que isso, claro, não é a mesma coisa que interpretar personagens de contos de fadas.

“É diferente porque você pode estudar, socialmente, onde essas pessoas viveram. Mas do jeito que Macmillan criou o ballet não é exatamente como a história, então é preciso dosar um pouco”.

Mayara Magri
Tem ensaio de Mayara Magri, solista brasileira

Ainda tem muito mais coisa na transmissão: novas produções, ensaio da escola… Vale a pena ver tudo!

Não leu nossa resenha do Australian Ballet? Clique aqui.

Fotos:

Link para a transmissão:

World Ballet Day 2018 – Australian Ballet

WorldBalletDay

Outubro chegou e, para quem vive no meio da dança, isso significa duas coisas: temporada de ensaio (vem, festival!) e, claro, o World Ballet Day! Essa transmissão que contempla cinco das maiores companhias de dança do mundo já se tornou tradição.

E, desde 2015, a gente acompanha tudinho e deixa aqui nosso registro!

(Quer ver nossos arquivos? Clique aqui para 2015, aqui para 2016 e aqui para 2017).

Tegan e David
Apresentação foi criticada por internautas. (Foto: Reprodução)

Como em todos os anos, o Australian Ballet faz a abertura da transmissão. Muita gente criticou a participação da apresentadora, Tegan Higginbothan, e dos profissionais que comentavam a transmissão com ela (na aula, foi David McAllister, diretor artístico da companhia, enquanto nos ensaios foi o bailarino Jarryd Madden, artista sênior).

Realmente teve muita conversa, muitas curiosidades e bastante explicação na parte do Australian. Mas eu, sinceramente, não me senti incomodada. Acho legal que esse evento seja atraente tanto para quem não entende muito de ballet (passo, logística, a hierarquia das companhias) quanto pra quem já manja da coisa. Saí mais culta!

A aula foi ministrada por Fiona Tonkin, “coach” principal do Australian. Babei nas demonstrações dos passos! Que pés lindos, que limpeza nos movimentos! Um arraso. E não é para menos: Fiona foi primeira bailarina da companhia e está aposentada dos palcos desde 1993. Ela e David, aliás, dançaram juntos! Quer ver? Tem um vídeo aqui!

Fiona Tonkin
Fiona Tonkin, senhoras e senhores! (Foto: Reprodução)

A aula dela é muito, muito técnica. Na barra, muitos tendues e exercícios de aquecimento da musculatura interna da coxa. Ela pede um atenção nas posições, especialmente em passagens no passo (por exemplo, marcar bem a primeira posição no ronde de jambe) e sobretudo agilidade no fechamento das quintas.

No centro, mais do mesmo. São vários passos no centro prático, com tendues, mudança de direção e transferência de peso. A transição para as piruetas é suave: primeiro um relevé, depois uma pirueta simples e só depois duplas e triplas. Achei interessante!

O adagio é beeeeeeem difícil! Muita transferência de peso e promenade. Até Jarryd reclamou… Os allegros tinham muitas baterias e combinações mais complexas. Achei os grandes saltos a parte mais difícil da aula! Mas, em compensação, o pessoal saiu ‘prontinho’ pros ensaios!

Adagio no centro
O adagio da morte! (Foto: Reprodução)

Falando em ensaios…

O primeiro ganhou meu coração com bondade: a ‘visão’, do segundo ato d’A Bela Adormecida, parte um pouco ‘desconhecida’ desse clássico. E gostei ainda mais porque Amy Harris, uma das minhas bailarinas preferidas do Australian Ballet – recentemente promovida a artista principal – interpretava a Fada Lilás. Robyn Hendricks e Ty King Wall eram Aurora e Désiré, respectivamente.

A Bela Adormecida
Ensaio d’A Bela Adormecida (Foto: Reprodução)

A parte alta foi ver a limpeza do corpo de baile a as orientações da répetiteur Elizabeth Toohey. Tudo mi-li-me-tri-ca-men-te inspecionado. Boas dicas para quem ensaia ou faz parte de corpo de baile!

Tivemos ensaios de Cinderella, Coppélia, Giselle e Aurum, coreografia de Alice Topp que faz parte um projeto contemporâneo, Verve, que reúne trabalhos de profissionais australianos. Achei a coreografia maravilhosa, em especial o duo de Coco Mathieson e Adam Bull.

Contemporâneo
Coco Mathieson e Adam Bull em Aurum, de Alice Topp (Foto: Reprodução)

O último ensaio foi Spartacus. Confesso que esse não é, nem de longe, meu ballet preferido. Mas adorei a dinâmica e a entrega dos bailarinos. A química entre Robin e Kevin Jackson é incrível!

E o ensaio da cena de luta é bem divertido… Vale a pena conferir!

No final, fiquei triste de não ver Lana Jones, outra bailarina do Australian Ballet que adoro. Mas fiquei feliz em ver que ela vai dançar Sylvia, ballet que está na programação de 2019 da companhia. Agora é aguardar a produção!

Veja a participação do Australian Ballet aqui:

Galeria de fotos:

World Ballet Day 2017: Royal Ballet parte 1

Assim como aconteceu no ano passado, não conseguimos respeitar a ordem cronológica do #WorldBalletDay nas nossas postagens porque o Bolshoi demora um pouquinho mais que as outras companhias para disponibilizar o vídeo da transmissão em seu site oficial. Mas assim que isso acontecer vamos resenhar essa que é uma das maiores fábricas de talento do mundo da dança!

Vamos então ao Royal Ballet, uma companhia que já se firmou entre as melhores do mundo e que passa, nos últimos anos, por uma reformulação no quadro de bailarinos solistas e principais.

Royal Ballet
Alexander Campbell, da sala de aula para a TV! (Fotos do YouTube)

Uma coisa que achei bem legal foi, neste ano, chamar o principal Alexander Campbell – além da principal character Kristen McNally (que já tinha participado no ano passado) – para ajudar na apresentação.

Um insight: Na transmissão de 2015, Campbell ensaiou com Yuhui Choe o pas de deux Two Pigeons. E já acompanhamos um ensaio de Kristen aqui, em que ela aprendia com Monica Mason a se tornar a Carabosse d’A Bela Adormecida.

Juntos, os dois conseguem trazer a perspectiva dos bailarinos em atividade para as filmagens. Ponto para o ballet da rainha!

A aula da professora convidada Olga Evreinoff é daquelas bem gostosinhas de fazer: super simples, pra gente ir amaciando e aquecendo a musculatura e ir forçando aos poucos. Na barra, muitos tendues com velocidade crescente para ‘ligar’ os tendões e treinar bastante a passagem do pé no chão na hora das fechadas em quinta.

Royal Ballet
Muitos tendues na barra! (Foto: Reprodução/ YouTube)

A sequência era sempre bem facilzinha de gravar. Algo que achei bem legal foi ela sugerir fazer rises na meia ponta após o grand battement, aproveitando que a musculatura já estava super aquecida, para ajudar os passos no centro. Haja panturrilha!

No centro, alguns velhos conhecidos apareceram para nosso deleite! O ruivíssimo Steven McRae,  Vadim Muntagirov, Sarah Lamb e Laura Morera fecham o time dos principais. Temos ainda presença brasileira na aula, com Leticia Dias (de calça vermelha colorida na barra do centro) e Leticia Stock (de collant rosa).

royal17
Marianela sentida por não participar ao vivo da transmissão neste ano

Dessa vez não tivemos a participação ao vivo Marianela Núñez, que estava em apresentação especial no Teatro Colón, na Argentina – sua terra natal. Para sua presença não passar em branco, a diva gravou um videozinho para os fãs. Achamos fofo!

Nessa primeira parte temos também alguns ensaios. O primeiro deles é The Dreamers Ever Leave You, com Alexander Campbell deixando o microfone de lado para ensaiar com as novas principais (e duas das principais estrelas em ascensão do Royal) Francesca Hayward, e Yasmine Naghdi, e também com o principal Ryoichi Hirano. Quem conduziu foi o assistente de coreografia Johannes Stepanek.

Ensaio Dreamers
Alexander Campbell volta à sala de aula com Francesca Hayward

Depois de uma breve e deliciosa participação do English National Ballet (como não amar uma companhia que reúne Tamara Rojo como principal E diretora artística, Alina Cojocaru e Cesar Corrales?), voltamos ao Covent Garden com ensaios de As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, um dos repertórios mais criativos e lúdicos da companhia nos últimos anos.

A primeira parte do Royal encerra com a participação especial do Scottish Ballet e do Royal Ballet School!

Veja a primeira parte da transmissão aqui:

 

Mais fotos na galeria:

 

Veja mais da nossa cobertura do World Ballet Day 2017:

Australian Ballet

Nosso acervo:

World Ballet Day 2016

World Ballet Day 2015

World Ballet Day 2017: Australian Ballet

Eis que começamos mais um World Ballet Day com essa companhia que esbanja bom humor, animação e felicidade logo cedo  – tudo bem que a aula é à tarde, mas, mesmo assim, confesso que invejo a alegria dessa galera do Australian Ballet, inclusive acho válido programar uma viagem para Melbourne e ver o que tem nessa água…

Brincadeirinhas à parte, já falei aqui que o Australian (primeira das cinco companhias que completam a grande de programação do World Ballet Day) se tornou uma das minhas companhias preferidas nos últimos anos especialmente por causa da diversidade no corpo de baile e solistas e por incorporar trabalhos modernos e autorais aos clássicos. Recomendo assistir à releitura de O Lago Dos Cisnes, disponível no blog parceiro Vídeos De Ballet Clássico!

E neste ano a companhia só fez reforçar esse meu sentimento de admiração. Já na aula podemos ver como os bailarinos se dão bem entre eles e a professora, Elizabeth Toohey (acho isso tão, mas tão legal, especialmente porque podemos ver em outros ballets que essa interação não acontece).

Australian Ballet em aula
Sala cheia na primeira aula da transmissão! (Foto: Reprodução / YouTube)

Mais uma vez, os passos da barra são bem simples e funcionais, especialmente se comparados aos de outras companhias (alô, Bolshoi!), e dá para ver que é tudo programado para ‘acordar’ o corpo e prepará-lo para o centro. Lá o nível sobe visivelmente, mas ainda assim a ideia é não cansar tanto os bailarinos por conta dos ensaios. Dos que eu conheço consegui reconhecer as principais Lana Jones e Ako Kondo, e Lisa Ann Craig, do corpo de baile!

Mas uma coisa que me chamou muito a atenção foi o cuidado que Toohey tem com a limpeza dos movimentos. Ela sempre cobrava dos bailarinos uma quinta bem fechada, lembrava de sustentar as pernas en dehors – e especialmente na perna de base – e uma dica excelente que ela deu para fazer piqués durante o centro prático foi de usar o quadril, e não os pés – pois isso ‘pesa’ o passo e ‘puxa’ a perna de base para fora da sustentação. Intrigante!

Vamos aos ensaios? Aliás, que ensaios! Teve Suite en Blanc, de Serge Lifar (que já apareceu por aqui antes!) com Ako Kondo, a artista senior Dimity Azoury e corpo de baile, conduzido por Fiona Tonkin. Pessoalmente adoro a organização do corpo de baile nesse repertório e as coreografias dos solistas são especialmente desafiadoras.

Lana Jones
Lana Jones e o solo do Grand Pas Classique (Foto: Reprodução/ YouTube)

Logo depois teve um queridinho meu: Grand Pas Classique, com Lana Jones e o coryphé Brodie James. Essa é a primeira grande participação dele num ballet, pelo que entendi da entrevista, e, apesar de meio nervoso, deu pra ver que o garoto tem talento. E altura, benza deus! Sobre Lana, desde que a vi em A Bela Adormecida fiquei encantada pela graciosidade e pelo equilíbrio dela, por isso não fiquei  surpresa em vê-la tão bem nesse repertório.

Que. Controle. Minha. Gente. Palmas para ela mesmo, fica devendo em nada a Sylvie Guillem ou Elizabeth Platel, musas de Nureyev que são bailarinas icônicas desse repertório. Poucas vezes eu vi uma bailarina fazer posé pirouette na velocidade que ela fez e mantendo o passé bem retinho, na altura do joelho. Ganhou meu respeito!

Em seguida, ensaio de Cinderella, um ballet que estou aprendendo a gostar! No repertório, mais uma vez Dimity, desta vez como a protagonista, e super graciosa com o tutu romântico.

Mais fotos na galeria!

Ainda tem MUITA coisa para ver, a transmissão completa dura CINCO horas! Se você achou que ficou faltando falar de alguma coisa especial, comenta que a gente atualiza o post!

Segue o link para a transmissão completa (válido até 6 de novembro de 2017):

 

Quer ler nossos especiais do World Ballet Day? Veja abaixo:

World Ballet Day 2016

World Ballet Day 2015

World Ballet Day 2016 – San Francisco Ballet

O World Ballet Day termina do mesmo jeito que começa: com uma companhia super inovadora. Dessa vez falamos do San Francisco Ballet, que, apesar de ser a primeira companhia dos Estados Unidos, está sempre trazendo novidades no repertório, nas coreografias originais e no elenco.

E que elenco! Basta dar uma olhadinha na aula para ver do que a gente tá falando. Temos a ex-Opéra de Paris Mathilde Froustey (bailarina favorita de Felipe), a russa prodígio Maria Kochetkova (a minha bailarina preferida da companhia!), o mito cubano Lorena Feijoo… A própria apresentadora, a ex-primeira bailarina Joanna Berman, comentou que eles têm bailarinos de várias nacionalidades, inclusive da Ásia, África e América do Sul. Vale lembrar que um dos primeiros bailarinos, Vitor Luiz, é brasileiro!

Aula

Mathilde sendo limpa e aristocrática
Mathilde sendo limpa e aristocrática

Quem ministra a aula é o maître de ballet Felipe Diaz, que também conduz alguns ensaios. A aula é bem técnica, com vários exercícios de alongamento de tendão e aquecimento da musculatura interna (como tendues e glissés rápidos).

No centro, VÁRIAS piruetas. De todas as formas, Com terminações diferentes. Eu mesma sofreria horrores nessa parte!

Mathilde Froustey não estava num dia muito inspirado para girar, mas a limpeza técnica dela é impressionante. Em todos os passos ela marca direitinho a intenção do movimento, raramente se conserta nas poses e tem aquela cara de francesa maravilhosa que te despreza. Mito!

Maria Kochetkova
Maria Kochetkova: uma primeira-bailarina alternativa!

Outro momento engraçado é ver como Maria Kochetkova fica sem graça diante das câmeras. Curioso, já que ela é super desenvolta em suas redes sociais. Ela faz aula com roupas super inusitadas: calção de boxe, meia de jogador de futebol e casaco com capote. Roupagem bem alternativa para uma primeira bailarina!

PS: Se isso ajudar a levantar a perna como ela e girar mais de quatro piruetas numa preparação, a gente veste qualquer coisa!

Ensaios

Diferentemente das outras companhias, o San Francisco Ballet nos presenteou com VÁRIOS ensaios durante sua transmissão. E abusaram da tecnologia enquanto isso: a GoPro voava na sala e chegava bem pertinho dos bailarinos, dando um ângulo diferente daqueles que estamos acostumados.

haffner-symphony2
Ensaio de Haffner Symphony

O primeiro foi Haffner Symphony,com  música de Wolfgang Amadeus Mozart e coreografia de Helgi Tomasson. Quem estavam nos papéis principais eram Sasha de Sola e Carlo Di Lanno. Não conhecia esse repertório, mas a música de Mozart realmente é algo diferente. O ouvido dança quando escuta! Adorei a coreografia: tem um jeito meio Nureyev de movimentação, com um passo em cada tempo de música, o que deve tornar os ensaios particularmente exaustivos.

Em seguida veio o trabalho original de Yuri Possokhov, com música de Ilya Demutsky. Achei bem legal o coreógrafo, ex-Bolshoi, dizer como ele prefere trabalhar: no caso dele com música criada especialmente para o ballet. Foi apenas a partir da música que ele teve a ideia do repertório, que tem a ver com marinheiros que se sacrificaram pela revolução socialista na Rússia. Achei histórico! No elenco temos a maravilhosa Lorena Feijoo, que carrega bastante na dramaticidade que a música pede.

frankenstein

Sucesso incontestável em Londres, quando estreou em maio pelo Royal Ballet, Frankenstein de Mary Shelley será apresentado em fevereiro pelo San Francisco Ballet. Segundo o San Francisco, o trabalho foi feito em parceria entre as duas companhias, e por isso o SFB tem o direito de apresentar logo após o Royal. O ensaio contou com os principais Joseph Walsh e Frances Chung nos papeis de Viktor Frankenstein e sua noiva, Elizabeth, no momento em que ele a pede em casamento. A música de Lowell Libermann é tenebrosamente linda: mesmo nas horas mais felizes ainda tem aquele pouquinho de macabro nas notas. A coregrafia de Liam Scarlett é bem suave, compatível com a música, e nossa, os bailarinos mandaram MUITO bem. Fiquei com mais vontade de assistir!

Diamonds, Pas/Parts e Cinderella também fizeram parte dos ensaios transmitidos pelo San Francisco. Como ficaria muuuuito grande analisar todos eles, preferimos ficar por aqui e convidar vocês a fazer essa resenha!

Quer ver nossa galeria de fotos? Clica aqui!

O San Francisco Ballet foi a última companhia que analisamos. Também tem post sobre o Australian Ballet, Bolshoi, Royal Ballet e National Ballet of Canada. Quer comparar com o que teve no ano passado? Dá uma olhadinha aqui!

O vídeo completo você encontra aqui:

World Ballet Day 2016 – National Ballet Of Canada

Mais um post para celebrar o #WorldBalletDay nosso de cada ano, evento que marcou a estreia do OITO TEMPOS como blog e que temos o prazer de acompanhar e resenhar para vocês!!

A quarta companhia que protagonizou a transmissão ao vivo foi o National Ballet Of Canada (quer ver o post do ano passado? clique aqui), que dessa vez faz sua transmissão em casa, na cidade de Toronto, já que ano passado estavam em turnê e realizaram o World Ballet Day durante a viagem.

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Aquecimento básico para começar o dia 🙂

De cara, começamos com a aula que é a minha parte favorita. Além de acompanharmos as extensões das linhas e técnica dos bailarinos também posso pegar alguns passos de inspiração para as minhas aulas (hehe). Muita roupa para aquecer e alongamento são essenciais antes da aula começar, e é claro, não podem faltar as bolinhas nossas de cada dia, item que somos muito adeptos aqui no blog (não é Ju?).

A aula foi comandada pelo professor Aleksandar Antonijevic de uma maneira bem tranquila com passos simples, prezando sempre a manutenção da técnica. Pausa para o professor falando com os bailarinos sobre a necessidade de levar a pirueta como um todo. Importante vermos como até mesmo companhias grandes passam pelos mesmos problemas de nós mortais náo é mesmo :-). Pausa Nº 2 para momento fisioterapia com o bailarino Naoya Ebe, parte do processo de ser um bailarino de alto rendimento. E pausa Nº 3 para falar o quanto a galera do blog achou super legal o look jovial e descontraído do nosso professor, continue assim!!

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Melhor professor: SIM ou COM CERTEZA?

Karen Kain, diretora artística da companhia falou sobre os repertórios da companhia para a temporada: Onegin, Lago dos Cisnes, Cinderella e O Quebra-Nozes, repertórios de peso dentro do ballet clássico. Além da maravilhosa estreia do Ballet Pinnochio : o que estamos ansiosos para ver se sai algum pedacinho no canal deles para o público. A companhia esse ano comemora sua 65ª Temporada. Parabéns aos envolvidos!!

Ensaios:

Cinderella com certeza foi o carro chefe da transmissão desse ano, ocupando quase metade do tempo, onde tivemos ensaio das fadas mais os homens cabeça-de-abóbora (cena muito interessante por sinal!), onde a companhia ainda afina os pontos da coreografia. A bailarina Sonia Rodriguez nos apresenta o backstage da produção durante os ensaios: sapatos, perucas e figurino da obra que envolve muitos profissionais.

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Fadas de Cinderela

O próximo ensaio foi do ballet Onegin, criado em 1964 pelo renomado coreógrafo John Cranko. Algumas cenas mais simples de mise en scéne (atuação durante o espetáculo de ballet) e danças de grupo, que demandam sincronia do grupo. É um repertório pouco conhecido por nós do blog, o que não quer dizer que tenhamos menos vontade de vê-lo.

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Corpo de Baile de Onegin

Durante o streaming do evento, tivemos a grata interrupção do Boston Ballet e do Miami City Ballet apresentando suas instalações e os ensaios de suas temporadas. Mas, calma! Não se preocupem que nós nos lembramos deles sim, mas isso é assunto para outro post (surpresa!).

Confira a nossa galeria de fotos:

 

World Ballet Day 2016 – Royal Ballet

A gente bem que tentou publicar os posts respeitando a cronologia do World Ballet Day 2016, mas não deu! Esperamos o máximo que pudemos para ver se o Bolshoi, segunda companhia a fazer a transmissão, liberava o vídeo, mas isso não aconteceu – e infelizmente não sabemos se vai acontecer. Dedos cruzados!

Por isso, pulamos da primeira companhia, The Australian Ballet, direto para a terceira, The Royal Ballet – uma das mais queridinhas do mundo!

Mesmo um pouco carente de estrelas – Carlos Acosta, Tamara Rojo e Alina Cojocaru, grandes nomes que marcaram os palcos do Covent Garden, saíram do Royal nos últimos anos – a companhia britânica ainda tem prestígio de sobra e talentos tanto no campo coreográfico como no elenco.

aula-de-aquecimento

Algumas apostas são Steven McRae, o australiano que vem bombando em interpretações contemporâneas solo e arrasando nos clássicos, e a deslumbrante Natalia Osipova, russa que arrebatou o coração de Sergei Polunin, também ex-Royal, e talvez o maior bailarino da atualidade. Tem também Iana Salenko, ucraniana principal do Staatsballet Berlin que dança como convidada. Nenhuma das duas, ou Yuhui Choe (minha bailarina do Royal preferida!) participaram da aula. Em compensação, tivemos três (e não duas! Obrigada, Joana) brasileiras lá: Letícia Dias,  artista, Letícia Stock, primeira artista, e Mayara Magri, solista. Além delas temos Roberta Marquez, bailarina principal, na companhia. Infelizmente ela não apareceu nesse World Ballet Day!

O que mais gostei foi que chamaram a diva musa maravilhosa impecável mitológica Darcey Bussell (quer saber mais sobre ela? Clica aqui!) para comentar a aula. Ela se aposentou da companhia em 2012, depois de 20 anos lá. Ela é uma querida, e dava altas dicas de como funciona para o bailarino as aulas técnicas do início do dia. Como falamos antes, é um momento para aquecer o corpo e prepará-lo para os ensaios do dia, mas também é um momento importante para turbinar a técnica. Por isso não devemos esquecer das aulas no fim do ano e apenas privilegiar os ensaios!

Na barra, Steven McRae usou uma GoPro para mostrar o que os bailarinos vêem durante os passos. Achei a iniciativa interessante, mas o resultado não ficou tão bom… Achei que os ângulos que a câmera mostrava não correspondiam ao que a gente acaba vendo quando dança. Mas é legal ver que uma companhia tão tradicional vem abraçando a tecnologia nas aulas!

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Principal do Royal Ballet fez aula com GoPro no corpo (Foto: Reprodução)

Ensaios

O primeiro e talvez mais impactante é Anastasia, agora sim com Natalia Osipova! Eu não conhecia esse repertório, que tem coreografia de Kenneth Macmillan, por isso adorei a explicação da diva Darcey sobre a cena. É menos dançante e mais teatral, já que é um momento de autodescoberta da protagonista. Exige uma interpretação muito intensa, o que Osipova sabe fazer com maestria.

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Natalia Osipova interpreta a filha perdida da realeza russa (Foto: Reprodução)

Antes do ensaio seguinte, o Royal mostrou um pouquinho do programa social da companhia, Chance to Dance, que recebe meninas e meninos que não têm condição de pagar por aulas de dança na Royal Ballet School. É uma ação de integração social que acaba levando o ballet a lares que normalmente não conheceriam a dança clássica, o que acaba trazendo um público diferente para o Covent Garden e o Opera House. Pra gente, que fala sempre que pode sobre os benefícios da inclusão na dança, ver isso é um deleite!

Marianela Núñez, que no ano passado acabou não participando do World Ballet Day, apareceu em ensaio de La Fille Mal Gardée com Vadim Muntagirov, bailarino revelado pelo English National Ballet que já chegou como principal no Royal. E dá para ver por quê: mesmo muito jovem – ele tem 26 anos – ele tem a serenidade dos bailarinos mais experientes, linhas incríveis e altura. Não são muitos que podem dançar de igual para igual com Marianela (tanto tecnicamente quanto fisicamente!) e ele tira de letra.

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Vadim Muntagirov e Marianela Núñez ensaiam La Fille Mal Gardée (Foto: Reprodução)

O meu repertório preferido, A Bela Adormecida, teve ensaio! E foi com dois bailarinos novinhos em folha, recém-saídos do Royal Ballet School. Formado em 2013,  Matthew Ball ensaiava seu primeiro trabalho como solista no World Ballet Day do ano passado, e Yasmine Naghdi, primeira-solista da companhia, formou na escola do Royal em 2010. Além do mais, ver Darcey Bussell acompanhando os dois novinhos e dando dicas primordiais é incrível!

Eis o vídeo completo:

Quer ver nossa resenha do ano passado? Clica aqui!

Mais fotos? Veja nossa galeria:

 

World Ballet Day 2016 – Australian Ballet

Tradicionalmente responsável por abrir o World Ballet Day (quer rever a participação deles em 2015? Clica aqui!), o Australian Ballet também tem um dos ambientes e das aulas mais ‘gostosas’ de assistir e fazer. Toda vez que a gente senta para ver e rever os primeiros momentos da companhia, Felipe sai inspirado e sempre coloca alguns passos nas aulas livres. Eu, claro, saio ganhando!

Uma das coisas mais bacanas do Australian Ballet também, na minha opinião, é que essa é uma companhia que adora inovar. Nesse ano, mesmo, teve montagem do Wayne McGregor (coreógrafo do Royal Ballet), ao vivo no próprio World Ballet Day. Uma das montagens mais legais deles são dos clássicos, como Cinderella de Alexei Ratmansky e O Lago dos Cisnes de Graeme Murphy. (Se quiser procurar para baixar tem no nosso blog parceiro, Vídeos de Ballet Clássico!)

Nesse ano não foi diferente: a aula do professor e maître de ballet Tristan Message é bem funcional e simples: desde a barra até os passos nos centros os passos são de baixa complexidade e o objetivo maior é trabalhar ao máximo as extensões, fondues, pliés, o equilíbrio… Essa primeira aula é para aquecer o corpo para os ensaios, então o ideal é que o bailarino termine a aula pronto para ensaiar, e não exausto!

Outra coisa importante: os bailarinos estão voltando de um período de folga! Muitos deles preferem ‘economizar’ nas pernas altas, giros, etc, justamente para não lesionar. O próprio Tristan comenta isso no primeiro passo do centro, quando diz que a pirueta é facultativa. Acho válido que mais professores se inspirem, viu, Felipe? 😀

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Amy Harris ensaiando Nijinsky, que estreia na semana que vem na Austrália!

 

Dos ensaios – nesse dia foram o pas de quatre de O Lago dos Cisnes, Spartacus, O Corsário, Coppélia e Nijinsky, o que achei mais legal de assistir foi Nijinsky, com coreografia de John Neumeier e música de Rismky Korsakov. A história desse ballet é do próprio bailarino e coreógrafo, e tem algumas referências de obras dele, como A Tarde do Fauno, embebidas na coreografia, o que é uma delícia de ver! Não é um ballet extremamente clássico, mas tem passos tradicionais e a bailarina (no ensaio, a maravilhosa Amy Harris, minha bailarina preferida do Australian Ballet) estava de ponta. Fiquei muito interessada em conhecer esse repertório!

Quer assistir à participação completa do Australian Ballet – e  das companhias convidadas Hong Kong Ballet, West Australian Ballet e Queensland Ballet ? Veja aqui! O link expira em novembro de 2016.

 

 

Alguns dos meus momentos preferidos:

 

National Ballet of Canada – World Ballet Day

Ensaios de The Winter's Tales
Ensaios de The Winter’s Tales

Fazemos as nossas malas juntamente com os dançarinos de plantão e acompanhamos em um pouco mais de quatro horas de transmissão (que com certeza valem super a pena!) a rotina da companhia, alternando entre aula e ensaios, diretamente de uma turnê na cidade de Montreal, no Canadá. Vamos conferir o que teve de melhor, e para nos mostrar tudo, tivemos como anfitriões a Heather Ogden e Guillaume Côté, primeiros bailarinos do National Ballet of Canada.

Sobre a aula

Rex Harrington, antes de começar a aula, explica como é importante que todos estejam juntos em sala, próximos uns aos outros, não importa que nível a pessoa é dentro da companhia (solista, corpo de baile, primeiro bailarino). Além disso, é o momento que prepara o bailarino para o restante de sua rotina de ensaios. Na barra, vemos que a maioria dos integrantes começa com bastante roupa, como casacos, jauqetas, botas térmicas, polainas, roupas em lã e calças, tudo isso com intuito de aquecer as articulações e melhor prepará-los para o centro e os ensaios posteriores, já que a sala é bastante fria no início da aula. Claro que a medida que vão se aquecendo, vão também se desfazendo das roupas mais pesadas. O centro segue normalmente, em meio a uma brincadeira e outra que Rex faz com os bailarinos, o que ajuda a descontrair. O centro mostra o que há de melhor desses bailarinos, com direito a alguns esquecimentos ora ou outra (acontece!).

Sobre os ensaios

Assim que a aula termina, os bailarinos já começam a passar os trechos de suas coreografias, pois é o único tempo antes do ensaio onde poderão fazê-lo, geralmente focando nas partes mais difíceis ou imprecisas que precisam trabalhar (quem nunca?). A bailarina principal da companhia Greta Hodgkinson responde a perguntas enviadas pela audiência durante os intervalos.

Primeiramente acompanhamos os ensaios de “The Winter’s Tales”, nos quais vemos dois dos solos que compõem a obra. A interpretação e domínio do eixo são as palavras-chave das bailarinas que ensaiam. Há a todo momento uma troca entre bailarina e o mestre que as ensaia, Lindsay Fisher, processo que não deixa de ser interessante para quem acompanha.

Kathryn Hosier, fala sobre ter o papel principal no ballet “Spectre de la Rose”, da maneira como adentrar esse trabalho foi emocionante e ao mesmo tempo um território até então desconhecido para ela. Ela conta que assistiu ao vídeo assim que chegou em casa, e ficou chocada no quão único aquele trabalho era, nada comparado ao que já tinha visto antes, até mesmo intimidando-a pela força que o trabalho tem. Conta que estudou o vídeo por duas semanas antes de começar a ensaiar, sempre assistindo de novo, de novo e de novo, seria uma chance única de provar a si mesma. Ela conta que quando está no palco sozinha, ela olha para o teatro e pensa: “Oh meu Deus, eu sou a única pessoa no palco agora?” e finaliza dizendo que essa é a melhor sensação no mundo.

Tivemos pouco tempo para acompanhar os últimos dois trabalhos da companhia, ambos os ensaios já com figurino. O primeiro “Le Spectre de la Rose” (O espectro da rosa), conta com movimentações incrivelmente precisas dos bailarinos, que, minha nossa (!), fazem tudo muito bem, e fica difícil de nossos olhos acompanharem e os braços tentarem reproduzirem os movimentos. O segundo, “Chroma”, mostrou mais a passagem das sequências dos bailarinos com cenário e luz. Muito pouco vimos sobre o figurino e a passagem com música dessa obra de aspecto moderno coreografada por Wayne McGregor, entretanto, o pouco que vimos já nos deixou com vontade de querer ver mais com certeza. Uma curiosidade: o National Ballet of Canada foi a primeira companhia além do Royal Ballet a interpretar essa obra.

Outras companhias

Além da própria companhia da qual falamos, tivemos a presença ilustre de outras durante a transmissão, seja assistindo trechos de seus trabalhos, seus ensaios, aulas e dia a dia por dentro das mesmas.

Les Ballet Jazz de Montreal é uma companhia contemporânea fundada em 1972. Na sua apresentação, pudemos assistir trechos de trabalhos seus, como “Kosmos”, “Closer”, “Harry” e “Rouge” (esta última coreografada pelo brasileiro Rodrigo Pederneiras, coreografo do Grupo Corpo).

Boston Ballet abriu suas portas para nos mostrar os ensaios do espetáculo Third Symphony of Gustav Mahler, uma obra forte e expressiva, coreografada por John Neumeier. Assistimos também um trecho da variação e coda da Fada Açucarada do clássico ballet “Quebra-Nozes” e por último, vemos os ensaios de Pas de Quatre, onde quatro bailarinas apresentam suas variações e apresentam o que há de mais difícil (impossível tavlez? rs) em pontas.

Por ultimo, e muito importante por sinal, adentramos o universo do American Ballet Teather, que esse ano completa 75 anos de existência, se consagrando como uma das melhores do mundo. A companhia conta com nomes importantes, como Misty Copeland, Daniil Simkin e, não poderia deixar de falar dele, o brasileiro Marcelo Gomes :-), que além de ser primeiro bailarino, atualmente também coreografa para a companhia.

Para ver aula e ensaios completos, clique aqui.

Quer mais? Leia nossas resenhas do Australian BalletBolshoi, Royal, e San Francisco!

Royal Ballet – World Ballet Day

Aula de aquecimento do Royal Ballet
Aula de aquecimento do Royal Ballet

A aula é, confesso, minha parte preferida do World Ballet Day. Gosto mais do que os ensaios, que são mágicos porque a gente consegue ver o passo a passo da obra prima, de como os bailarinos e a coreografia são polidos até chegarem ao que nós vemos no palco. Mas a aula tem um gostinho ainda mais especial: é quando vemos os dançarinos desprovidos de qualquer vaidade. Estão lá, na barra nossa de cada dia, com as sapatilhas gastas, aquela meia meio rasgada, enfim… Gente como a gente.

Por isso que é tão bom de assistir: dá para ver por quê esses são bailarinos profissionais. Mas é bom ver que eles, também, erram, têm seus artifícios e folgam o joelho quando fazem tendue devant – me senti representada!* No mais, é sempre muito legal ver brasileiros dançando. Nessa aula eu vi uma, Letícia Stock**, primeira artista da companhia (esse status é uma posição acima do corpo de baile). Além de Letícia, temos Mayara Magri, também primeira artista, e Roberta Marquez e Thiago Soares como principais da companhia.

O Royal convidou mais quatro companhias do Reino Unido para a transmissão: o Northern, Birmingham Royal, English National e o Scottish. O Birmingham Royal – parceiro e convidado do World Ballet Day – fez um vídeo explicando como funciona a técnica do pas de deux. Nele, os bailarinos Jade Heusen e Brandon Lawrence mostram o por quê das coisas e o que acontece quando fazem de outro jeito. Quem já fez aulas de partening vai se identificar com algumas ‘trapalhadas’ que os bailarinos simulam – tenho muitas lembranças de piruetas mal-sucedidas. E também vale a pena para quem não dança! A partir desse vídeo dá para ver o quanto certas posições são difíceis e desconfortáveis – especialmente para os homens.

O English National teve uma iniciativa muito legal de oferecer oficinas de dança e expressividade para idosos que sofrem com Mal de Parkinson. A melhor parte é que as aulas acontecem no estúdio da companhia, ou seja, no mesmo ambiente dos profissionais. Numa entrevista bem rapidinha, Tamara Rojo – diretora artística e principal da companhia – fala da importância de apostar em trabalhos novos e equilibrá-los com os repertórios tradicionais. Pessoalmente, compartilho do ponto de vista dela, pois acho que muitas companhias ‘estacionaram’ nas montagens mais clássicas e deixam de aproveitar o talento menos convencional de novos profissionais.

Ensaios

Os pas de deux Raven Girl, The Two Pigeons, várias cenas de Romeu e Julieta e a Valsa das Flores, de O Quebra Nozes, foram os repertórios do Royal para o dia. Além disso, várias outras coreografias foram passadas. Não vou falar sobre todos, apenas os menos conhecidos. Raven Girl foi conduzido pelo coreógrafo Wayne McGregor, e contou com a solista Beatriz Stix-Brunelle o primeiro solista Ryoichi Hirano nos papéis principais. Essa é a primeira vez que a dupla dança esse ballet, montado originalmente em 2013. Quer saber mais sobre a história? A gente conta! Já The Two Pigeons, coreografia de Frederick Ashton é muito fofa – e engraçada. É tecnicamente difícil, mas não deixo de rir com os passos. Quem deu as diretrizes foi Christopher Carr, maître de ballet convidado, e os bailarinos são os primeiros solistas Yuhui Choe – uma das minhas dançarinas preferidas do Royal – e Alexander Campbell.

Uma coreografia apresentada, Czardas, vale a pena conhecer. Quem dança é o próprio coreógrafo, o novo queridinho da Royal Steven Mc Rae. O ruivo sem dúvidas está vivendo sua melhor fase: nos últimos dois anos ele se consolidou como principal e tem participado de todas as montagens originais da companhia. Nesse repertório ele mostra seu lado mais versátil, combinando clássico com sapateado (sou fã). Para fechar, Romeu e Julieta, um dos ballets mais queridos do público, recebeu menção honrosa: teve um vídeo de pré-produção da temporada com direito a backstage, entrevista com os coreógrafos e bailarinos e visitas ao camarim. Enfim, é muita coisa… Tudo isso para dizer que vale a pena tirar umas horinhas do seu dia para ver o vídeo todo!

*Veja aqui que eu não estou mentindo!

**Letícia está usando um leotard cinza e saia florida. Ela está no segundo grupo de centro, na fila da frente à esquerda.

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